A melhor participação da mulher na política tem sido motivo de diversos debates por causa da discrepância entre a quantidade de votos femininos e sua representatividade real. Em Araçatuba, por exemplo, das 15 cadeiras de vereador, apenas duas são ocupadas por mulheres. No entanto, o voto feminino hoje representa praticamente 60% do eleitorado na cidade.
Dados publicados ontem pela pesquisa Mulheres na Política, realizada, este ano, pelo Instituto Datasenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, com candidatos e candidatas das eleições de 2018 e 2020, no entanto, mostram que a sub-representação é apenas um dos problemas. Ainda existem casos de discriminação e até violência.
De acordo com o levantamento, mesmo com a Lei de Cotas, a percepção de 66% dos atuais candidatos a cargos eletivos é de que os partidos políticos não fornecem condições iguais de concorrência entre homens e mulheres.
O estudo indica ainda que 90% deles acreditam que investir na formação de lideranças femininas pode aumentar a representatividade das mulheres nessas posições. A pesquisa ouviu, por telefone, 2.850 candidatos às eleições municipais de 2020 (prefeito e vereadores), entre os dias 22 de março e 13 de abril de 2022.
“Está claro que não basta lançar as candidaturas somente para cumprir cotas, e sim investir nelas.”
Segundo o instituto, a pesquisa buscou investigar os motivos da baixa representatividade feminina em cargos eletivos no país. A Lei de Cotas, de 2009, determina que os partidos políticos tenham pelo menos 30% de candidaturas femininas, para concorrer às eleições.
Está claro que não basta lançar as candidatas somente para cumprir as cotas. É preciso investir nas candidaturas femininas. Os idealizadores da pesquisa afirmam que as mulheres devem receber recursos para viabilizar candidaturas para dar igualdade de competitividade.
E isso se confirma na realidade: nas eleições de 2018, a porcentagem de candidaturas femininas para deputadas federais foi de 31%. Na prática, elas ocuparam somente 15% do total de vagas. No Senado somente 13% das cadeiras foram ocupadas por mulheres.
A pesquisa ainda mostra que uma a cada três mulheres já foi discriminada no ambiente político, somente pelo fato de ser mulher. A violência sofrida pelas mulheres dentro da política, diz o estudo, são de gênero porque não estão ligadas à capacidade profissional ou política, mas sim ao corpo delas, à vida pessoal.
As violências são de várias formas, inclusive as chamadas “candidaturas laranjas”, porque desmotivam as mulheres a seguirem a carreira política e interferem na democracia. Esta é uma realidade que precisa ser enfrentada e soluções precisam ser apresentadas e cumpridas pelas legendas.
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