Suspensão de importações de carnes na Ásia atinge comércio de Lins e Promissão
A China anunciou a interrupção por quatro semanas da compra de carnes de quatro grandes frigoríficos brasileiros. E, entre as empresas que tiveram suas vendas suspensas, duas possuem unidades produtivas nos municípios de Lins e Promissão. Com base no valor das exportações de abril, a queda nas vendas pode alcançar US$ 80 milhões em um mês.
A suspensão, que passou a valer a partir dessa terça-feira (24), pode comprometer as vendas externas das respectivas cidades, cujo principal mercado é a economia chinesa. A unidade da Marfrig em Promissão (SP) teve as importações suspensas por quatro semanas a partir desta terça-feira. Em abril, a mesma planta já havia sofrido embargo de uma semana.
Nesse contexto, levantamento realizado pelo administrador e economista, professor mestre Marco Aurélio Barbosa de Souza (FAC-FEA), a pedido da Folha da Região, evidenciou que os dois municípios exportaram para a China, no primeiro quadrimestre desse ano, US$ 302,3 milhões de dólares em carnes. O crescimento foi de 90,7% em comparação aos quatro primeiros meses do ano passado. Apenas no mês de abril, as exportações de carnes de Lins e Promissão, com destino ao país asiático, foi de US$ 80,7 milhões de dólares, aumento interanual de 80%.
A pesquisa do economista constatou ainda que os respectivos municípios exportaram esse ano também outros produtos para o país asiático, entre os quais: couros e peles curtidas (US$ 5,8 milhões); açúcar (US$3,4 milhões); gorduras animais (US$ 2,3 milhões); entre outros.
Além das unidades brasileiras, a China interrompeu as compras de frigoríficos russos e uruguaios. A Administração Geral de Alfândegas da China não explica os motivos para a suspensão nem deixa claro se as compras serão retomadas automaticamente após o prazo do embargo.
E, na Região Administrativa de Araçatuba, Andradina é outro município que também comercializa produtos (carnes) com valores expressivos para a economia chinesa. De janeiro a abril desse ano, a economia andradinense, exportou US$ 83 milhões de dólares, aumento de 62,75% ante o primeiro quadrimestre de 2021.
Porém, diferentemente de Lins e Promissão, as vendas de Andradina não serão comprometidas com a suspensão temporária. Na realidade, segundo economista “com a situação, as vendas locais podem até crescer nos próximos meses, para suprir a demanda chinesa que deixará de ser atendida pelas plantas produtivas de Lins e Promissão”.
FREIO
O lockdown adotado pela China para tentar conter a disseminação da Covid-19 pode reduzir o ritmo de crescimento das exportações brasileiras neste ano, mas não impedirá que o país asiático impulsione o superávit comercial brasileiro, segundo os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
De janeiro a abril de 2022, as exportações brasileiras cresceram, em valores, 24,1% ante o mesmo período de 2021. As importações avançaram 27,6%. Em volume, as exportações brasileiras tiveram expansão de 3,5% de janeiro a abril de 2022 ante janeiro a abril de 2021, enquanto as importações encolheram 3,5%. A diferença é explicada pelos aumentos de preços ocorridos no período: os preços das exportações subiram 19,6% de janeiro a abril, enquanto os das importações saltaram 32,2%.
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