Bebida comum nos lares dos brasileiros, a cultura do café está presente desde o descobrimento do Brasil
Bryan Belati
“Odia não começa sem uma boa xícara de café”. Esse ditado popular resume bem o que a cultura do café representa para todos os brasileiros. Hoje (24), é celebrado o Dia do Café no Brasil, e os dados estatísticos confirmam a importância do grão para a economia.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café, somente em café torrado, o Brasil exportou no ano passado mais de 100 mil sacas, cada uma pesando 60 kg. A receita foi superior a R$ 100 mil, valor que representa menos de um terço da receita total, visto que o país também exporta café solúvel, café in natura (grãos) e extrato de café.
Não somente na economia, mas também na cultura, o café é um expoente no dia a dia de toda a população. Como é o caso do profissional de tecnologia Thalisson Teixeira, 22 anos. Ele conta que tem o hábito de tomar café desde muito jovem, pois, em sua casa, sempre foi uma bebida muito consumida. Porém, com o passar do tempo, ele passou a ingerir grandes quantidades de café, durante o dia todo.
“O café me ajudou muito na minha concentração. Quando eu tomava café, conseguia me manter focado nos meus afazeres, principalmente no período em que eu me dedicava mais aos esportes”, explica o profissional de tecnologia.

No entanto, Thalisson percebeu a dependência que havia desenvolvido com relação ao café. Por isso, atualmente ele acompanha diariamente as quantidades ingeridas e, caso perceba que foram muitas, acaba deixando de tomar por alguns dias.
IMPORTÂNCIA
De acordo com o gastrólogo e docente em gastronomia do Unitoledo Wyden Renan Peron de Paula, a xícara de café que degustamos diariamente transborda uma cultura milenar, cheia de história, desde os monges da Etiópia, passando pelos árabes, europeus e pelas mãos de diversos brasileiros.
Por isso, no dia de hoje, a celebração do dia do café é uma degustação de um elixir milenar, que relembra a todos a história de muitas pessoas envolvidas no processo de produção e na indústria do café, para que a bebida possa chegar à mesa dos brasileiros.
BRASIL
No Brasil, o Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta foi o responsável por trazer a primeira muda de café, a pedido do então governador do Maranhão. Rapidamente, o cultivo se espalhou pelo país e por diversos estados, atendendo à demanda doméstica.
Com a longa guerra de independência do Haiti, então maior exportador do grão, ocorrida no fim do século XVIII, o Brasil aumentou sua produção se beneficiando da crise e passou a exportá-lo, tornando-se a maior riqueza econômica do país.
O Estado de São Paulo passou a ser o grande produtor nacional, possuindo diversos latifúndios que plantavam e processavam o grão. Houve, ainda, um grande incentivo do governo com a imigração de europeus, principalmente italianos, possibilitando o desenvolvimento mais rápido da cultura.

Nesse período, o país correspondia a 70% da produção mundial, dominando o mercado e formando uma elite aristocrática, que possuía casarões nas fazendas e mansões na cidade de São Paulo.
A Crise de 1929 atingiu diretamente os grandes produtores brasileiros que chegaram a queimar sacas de café na tentativa de evitar a queda do preço. Com a recuperação da economia mundial, o sudeste se recuperou e o Brasil ainda continuou como o maior produtor do mundo.
HISTÓRIA
A bebida mais consumida no mundo, depois da água, tem origem na Etiópia, e o início de seu consumo é incerto e cercado por lendas. A mais aceita narra que mil anos atrás, o pastor Kaldi, ao observar a alegria e vitalidade de suas cabras, notou que elas mastigavam os frutos de arbustos nativos da região de Abissínia, na Etiópia.
Ao comentar com um monge sobre o comportamento dos animais, esse levou alguns grãos ao monastério e os utilizou em infusões, notando o efeito energético da bebida, que ajudava a resistir às muitas horas de oração e de leitura. A bebida se espalhou entre os monastérios, que passaram a cultivá-lo no Iêmen. O processo de torrefação surgiu apenas no século XIV.
O café é a bebida mais consumida do mundo, depois da água, e ganha da cerveja na disputa.
A Arábia propagou a cultura cafeeira. Originalmente conhecido como qahwa – palavra árabe para vinho – razão pela qual, ao chegar na Europa, no século XIV, era conhecido como “vinho da Arábia”. Por muito tempo, os árabes o guardaram e proibiram que estrangeiros se aproximassem das plantações, que eram protegidas com suas vidas.
Apenas em 1615 o café chegou ao continente europeu, por meio de viajantes que o traziam do oriente. Após vários anos tentando cultivar o grão, em 1699 os holandeses obtiveram sucesso (e muito lucro) ao conseguir cultivá-lo em estufas de Amsterdã, e posteriormente em Java, na Indonésia. No século XVII, o café foi protagonista na Revolução Francesa, onde os jovens se reuniam em cafeterias para decidir os rumos da nação, entre outras atividades culturais.
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