A falta de acesso a um atendimento de qualidade na rede pública tem empurrado cada vez mais as famílias para os planos de saúde. Os orçamentos mensais que já estão apertados por causa de uma inflação em alta e salários achatados ainda estão tendo que lidar com o impacto desse gasto, que acabado sendo duplicado: quem paga pela saúde privada não é isento de pagar os impostos para financiar o SUS (Sistema Único de Saúde).
O número de pessoas com planos de saúde no país já supera 49 milhões. O resultado de março deste ano foi divulgado nesta sexta-feira pela a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Este número, de 49.074.356, representa aumento de 2,6% em relação a março de 2021.
O crescimento de usuários de planos exclusivamente odontológicos foi ainda maior. No mesmo período, foi registrado aumento de 7,62%, chegando a 29.357.656 pessoas.
De acordo com a agência, os dados demonstram que o setor de assistência médica suplementar continua aquecido. Desde julho de 2020, quando o número de usuários era de 46.821.928, o aumento da adesão tem sido contínuo.
Sobre a utilização dos planos de saúde, o Boletim Covid-19, que traz informações sobre comportamento do setor de assistência médica suplementar durante a pandemia, mostra que a ocupação de leitos destinados ao tratamento da doença em março sofreu queda em relação a fevereiro, passando de 58% para 44%.
Por outro lado, a ocupação para os demais atendimentos foi de 80%, fazendo com que a taxa de ocupação geral de leitos (comum e UTI) atingisse 77%, a maior desde janeiro de 2019.
A realização de exames para a detecção de covid-19 teve um aumento significativo em janeiro deste ano, por conta da variante Ômicron. Neste mês, o número de exames do tipo RT-PCR foi de 975.017, o maior desde o início da pandemia.
E pagar pelo plano ainda nem tem sido sinônimo de atendimento. A Folha da Região publicou nesta semana que a região de Araçatuba tem 36.336 pessoas desassistidas pelo Iamspe (Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo) que estão sem atendimento hospitalar, pronto atendimento e emergências. Apenas na cidade de Araçatuba, são 8.978 conveniados sem atendimento, entre eles pacientes oncológicos. Estes números fazem parte do relatório final apresentado por uma comissão especial de vereadores criada na Câmara de Araçatuba. O grupo foi criado para verificar o encaminhamento de pacientes à espera de cirurgias na Santa Casa.
São absurdos de um País que ainda não amadureceu sua democracia a ponto de a política seja realmente voltada para a solução de problemas reais das pessoas. Enquanto os candidatos brigam por ideias abstratas e se acotovelam em conchavos, a população sofre para poder ter acesso a coisas básicas como saúde.
Comentários sobre esse post