ORGANIZADOR O presidente da ABQM, Caco Auricchio, fez uma análise dos eventos e agradeceu ao público da região pelo apoio
Em entrevista exclusiva para a Folha da Região, o presidente da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha), Caco Auricchio, afirmou que hoje Araçatuba é a capital do cavalo.
Caco, que esteve acompanhando os eventos ligados à associação na cidade ao longo desta semana, é empresário, pecuarista, criador de cavalos, competidor de Esportes Equestres e atua também fortemente, há mais de 20 anos, nos setores de construção e mineração.
Ele também foi presidente do Sindicato das Indústrias de Mineração de Areia do Estado de São Paulo (Sindareia), por dois mandatos, além de presidente da Associação Nacional do Laço Individual (Anli), diretor do Departamento da Indústria da Construção e Mineração e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Folha da Região: Qual a avaliação que o senhor faz da experiência da ABQM em Araçatuba até o momento?
Caco Auricchio: Araçatuba é a capital do cavalo! No Brasil, estima-se que o setor movimente cerca de R$ 30 bilhões por ano. Segundo levantamento da ABQM, somente em Araçatuba (SP), as provas oficiais do Quarto de Milha injetam cerca de R$ 30 milhões todos os anos na economia local, além de movimentar negócios de vários setores e aumentar oportunidades de emprego para a população.
Por tudo isso, a cidade se tornou um importante polo de desenvolvimento desta indústria. Realizar mais uma edição do Congresso Brasileiro do Quarto de Milha aqui, reforça a nossa parceria com Araçatuba.
A cidade abraçou o evento e a população, mesmo a urbana, gostou da experiência de acompanhar as provas da ABQM. Como o senhor recebe essa boa receptividade?
A ABQM promove, por ano, mais de mil provas oficiais e oficializadas, gerando mais de 130 mil inscrições nas suas 23 modalidades.
O Congresso Brasileiro do Quarto de Milha, aqui em Araçatuba, é um dos maiores e mais aguardados eventos esportivos do mercado nacional de cavalos. A população sempre nos recebeu muito bem.
Este ano, infelizmente, ainda tivemos que manter o padrão de evento técnico e não pudemos contar com a presença do público em geral, e por isso, o acesso ao recinto está sendo exclusivo aos competidores e equipes técnicas.
Mas, já estamos discutindo com a administração do parque sobre os investimentos necessários em infraestrutura para que, em eventos futuros, possamos voltar a receber a comunidade de Araçatuba e região, de forma adequada e segura.
Queremos que cada vez mais a sociedade conheça o universo do cavalo, que tanto contribui para o desenvolvimento social, cultural e econômico do país.
A ABQM tem um projeto de Equoterapia para crianças da rede municipal de Araçatuba. Como tem sido este trabalho?
O cavalo hoje não é utilizado somente na agropecuária, mas no esporte e ainda na Equoterapia. Aqui em Araçatuba, em parceria com a Prefeitura Municipal, desenvolvemos o projeto “Novo Tempo” que utiliza a Equoterapia na ressocialização de vinte crianças, de 08 a 10 anos de idade da Rede Municipal de Ensino, diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Recebemos, inclusive, uma honraria da Câmara Municipal de Araçatuba em reconhecimento a essa iniciativa social.
É um importante trabalho que desenvolvemos para mostrar à sociedade a nossa paixão pelo cavalo e como podemos usar o animal em toda a cadeia produtiva do setor, com foco no social. Além de Araçatuba, em parceria com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), apoiamos também a expansão de centros de Equoterapia por todo o país. Hoje, já são 22, mas temos como meta alcançar todas as capitais brasileiras, até o final de 2023.
A inclusão, com provas para paratletas, também tem sido um ponto de preocupação da ABQM. De que forma se dá este projeto?
A ABQM tem uma extensa agenda ESG no setor equestre. Nossas competições, por exemplo, além de sempre priorizarem o Bem-Estar Animal contam com uma categoria de paratletas, na modalidade de Três Tambores.
Desde 2017, a Associação já realiza provas oficiais para atletas com deficiência. Hoje, nós temos mais de 60 paratletas habilitados. A ABQM vem cada vez mais incentivando a prática do paradesporto, para tornar nossas competições ainda mais inclusivas.
Nosso objetivo é deixar um legado para as futuras gerações sobre a importância de um modelo sustentável e inclusivo dos campeonatos equestres.
Falando em competição, como o senhor vê a questão do fomento aos Esportes Equestres em geral? Precisamos desmistificar as práticas esportivas e mostrar para a sociedade que a relação homem e cavalo vem, originalmente, de uma tradição da vida no campo.
Precisamos combater o preconceito pelos Esportes Equestres. O cavalo é nossa paixão e emprega milhões de pessoas na cadeia do agronegócio no país. A ABQM tem trabalhado, incansavelmente, para promover a união e força do setor junto aos criadores da raça Quarto de Milha.
O senhor tem feito uma defesa incisiva da Equideocultura, bem como o respeito e a valorização do cavalo Quarto de Milha e das suas competições. Nos fale um pouco desta sua bandeira!
A Equideocultura vem ocupando um espaço cada vez mais importante no agronegócio brasileiro, com expressivo potencial econômico e social, por movimentar negócios de vários setores e aumentar oportunidades de emprego para a população. Na nossa gestão, o foco é na sustentabilidade dos Esportes Equestres com segurança jurídica, valorização das premiações, fomento das provas, profissionalização e, principalmente, incentivo às ações sociais envolvendo a Equoterapia e os paratletas em nossas competições. A ABQM é hoje uma das maiores entidades de raça equina da América Latina e tem muito a contribuir para avanços na indústria do cavalo. Espero deixar como herança nossa modesta contribuição para um setor organizado, seguro, forte e competitivo.
De que forma os poderes públicos poderiam colaborar para o fortalecimento da pecuária?
Estamos buscando um setor mais estruturado, razão pela qual temos apoiado o Instituto Brasileiro de Equideocultura (IBEqui), onde conseguimos ampliar o diálogo com importantes órgãos para a cadeia produtiva da indústria equestre. Vamos mostrar para o Brasil e para o mundo a força do Quarto de Milha e a importância do cavalo para o agronegócio brasileiro.
O senhor acredita que o ambiente político polarizado, nas eleições deste ano, pode afetar de alguma forma os criadores e, de alguma forma, mesmo que indireta a ABQM?
A Associação sempre atuou de forma independente. O nosso principal objetivo é fomentar a raça Quarto de Milha, dinamizar a indústria do cavalo no país, garantir o crescimento sustentável e o fortalecimento da cadeia produtiva do setor.
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