Araçatuba tem criado uma cultura de reciclagem e reaproveitamento de materiais descartados. Este é o fruto de um trabalho contínuo que começou aos poucos com as primeiras cooperativas de catadores de papel e que cresceu com a instituição dos grupos de reciclagem e a introdução da coleta seletiva.
Há cerca de uma década, leis obrigaram os condomínios a separarem o material orgânico do reaproveitável. Nas residências, ainda se conta mais com a boa vontade das pessoas. E este é um novo passo a ser dado. Um efeito colateral é que apenas 5% do que é produzido de lixo nos lares araçatubenses é efetivamente reciclável. Calcula-se que cada um dos 190 mil habitantes do município produz pelo menos um quilo de dejeto sólido por dia.
Entre os materiais mais bem reaproveitados na cidade estão o papelão e as latas de alumínio. Estas últimas, inclusive, atingiram níveis extraordinários. De acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), o Brasil reciclou aproximadamente 33 bilhões de latinhas de alumínio em 2021, o que representa 98,7% de reaproveitamento do material produzido ao longo do ano.
“Tanto local, como nacionalmente, ainda há um bom caminho a se percorrer. Não se pode perder o foco na busca por um mundo melhor.”
Segundo as entidades, tratase do maior índice da história da reciclagem de latas no país, desde o início do mapeamento em 1990, sendo também um dos maiores do mundo. De um total de 33,4 bilhões de latas vendidas, cerca de 33 bilhões foram coletadas para o processo de reciclagem. Com isso, aproximadamente 1,9 milhão de toneladas de gases de efeito estufa deixaram de ser emitidos na atmosfera, de acordo com cálculos das associações empresariais. As taxas de reciclagem de alumínio no Brasil são consideradas exemplares.
Apesar dos excelentes resultados do setor de alumínio, a reciclagem de outros produtos largamente consumidos no país é baixa. O caso mais desafiador é o do plástico. Apesar de ser o quarto maior consumidor da matériaprima no mundo, o Brasil recicla apenas 1,29% de plástico, segundo estudo da WWF Brasil com dados do Banco Mundial, divulgado em 2019.
O percentual difere bastante dos números informados pela Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), que indica que pouco mais 23% dos resíduos plásticos são reciclados no país, segundo números de 2020.
Seja como for, o índice geral de reciclagem dos resíduos sólidos no país ainda é de cerca de 5,3% do total potencialmente recuperável, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O levantamento consta da edição mais recente do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, publicado em dezembro do ano passado, mas com dados consolidados de 2020. Tanto local, como nacionalmente, ainda há um bom caminho a se percorrer, apesar do avanço. Não se pode perder o foco na busca por um mundo melhor.
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