Foram 104 reclamações registradas pelos consumidores sobre os três temas supracitados e, em 2021, o número aumentou para 870
As reclamações dos consumidores em relação ao crédito pessoal, empréstimos e crédito consignado cresceram 736,54% entre 2020 e 2021, nas quatro maiores cidades da região (Araçatuba, Birigui, Penápolis e Andradina). Os dados são do Ministério da Justiça e foram levantados com exclusividade para o Jornal Folha da Região, pelo pesquisador em economia local e regional, professor Marco Aurélio Barbosa de Souza (FAC-FEA). Em 2020, foram 104 reclamações registradas pelos consumidores sobre os três temas supracitados e, em 2021, o número de registros aumentou para 870.
Outro dado interessante é que, em 2020, o crédito pessoal e os empréstimos, ocupavam a 21˚ posição do ranking dos assuntos mais reclamados pelos consumidores dos municípios pesquisados, passando para 1˚ lugar em 2021. Já os problemas envolvendo o crédito consignado, ocupavam a 6˚ posição em 2020, subindo para o segundo lugar do ranking no ano passado.
Para Souza, a situação crítica da economia durante o período pandêmico, a aceleração inflacionária e redução do poder aquisitivo das famílias, somada a queda da renda real, levaram um maior número de pessoas a procurarem por crédito e empréstimos no sistema financeiro e, consequentemente, os problemas e reclamações também cresceram em relação a essas modalidades de serviços, como ficou evidenciado pela expressiva ampliação das reclamações no ano passado.
Nesse contexto, o especialista explica que os consumidores precisam redobrar a atenção na hora de realizarem suas compras de bens e serviços, em especial, com o sistema financeiro (solicitações de crédito, empréstimos, uso do crédito consignado, cartão de crédito, entre outros). O pesquisador orienta sobre a necessidade de fazer minuciosa pesquisa, ler com atenção os contratos, procurar ajuda e orientação de especialistas, conversar com pessoas que conhecem a empresa/ produto/mercado.
“No caso do crédito consignado e outras modalidades de crédito, com o aumento da oferta e as facilidades trazidas pela tecnologia, nota-se o aumento da demanda por essas modalidades, porém, sem que as pessoas façam uma análise mais apurada da necessidade, dos valores das taxas de juros, do comprometimento da renda com o empréstimo e do impacto no orçamento familiar, fatores que poderão desencadear o início de um ciclo de endividamento”, explica o especialista. Há casos em que os bancos enviam cartões de crédito sem a solicitação, ampliam os limites muito acima da capacidade financeira do indivíduo. São facilidades que podem depois trazer grandes problemas.
O professor alerta ainda que os dados evidenciaram o crescimento das reclamações em relação ao crédito consignado para os beneficiários do INSS, aposentados e pensionistas, segmento que demanda atenção. E, nesse sentido, recentemente, através de Medida Provisória, o governo ampliou a margem do empréstimo consignado de aposentados e pensionistas, dos atuais 35% do valor do benefício para até 40%.
ASSUNTOS
Em relação ao registro de todos os tipos de reclamações, constatou-se o crescimento de 108,7% entre 2020 e 2021. O número de reclamações na plataforma do governo ampliou-se de 1.586 no ano de 2020 para 3.300 no ano passado. Entretanto, um dado positivo, foi a melhoria no índice de soluções dos problemas, que passou de 78,56% (2020) para 82,48% (2021).
No ranking geral, além do crédito pessoal, demais empréstimos e crédito consignado que juntos representam 26,80% do total das reclamações dos consumidores, consta também, o cartão de crédito com 8,64%; banco de dados e cadastros dos consumidores (Serasa, SPC, SCPC, entre outros) com 6,85%; telefonia móvel pó-pago com 5,88%; setor aéreo com 5,27%; internet móvel com 4,59%; entre outros.
A Senacon (Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor), realiza o monitoramento mensal das reclamações dos consumidores brasileiros em relação a produtos, serviços e empresas e também as soluções aos problemas apresentados, formando o sistema nacional de defesa do consumidor. O objetivo do monitoramento é o aprimoramento das políticas públicas de defesa dos consumidores.
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