Levantamento feito pela reportagem da Folha da Região mostra que envelhecimento da população já é refletido nas urnas
Dos 132,3 mil eleitores aptos a votarem em 2 de outubro em Araçatuba, 22,16% têm mais de 60 anos. No total, eles somam 29.349 cidadãos que vão ajudar a escolher os futuros presidente, governador, senador e deputados federal e estadual. A reportagem da Folha da Região teve acesso às estatísticas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que mostram como esta parcela da sociedade será decisiva no processo eleitoral.
Segundo os dados do Tribunal, 19.634 araçatubenses que estão alistados atualmente na Justiça Eleitoral têm idade entre 60 e 69 anos, o que representa 14,83% do total. Na faixa etária entre 70 e 79 anos – que já nãos são mais obrigados a votar – são 8.175 (6,17%). Com mais de 79 anos, são 1.540 (1,16%).
Esta tendência também está presente nos demais municípios da região. Em Birigui, por exemplo, dos 77.583 eleitores, 15.324 (20,55%) já passaram dos 60 anos de idade. Nesta cidade, 10.950 (14,11%) está na faixa entre 60 a 69 anos. Já o que estão entre 70 e 79 anos somam 4.374 pessoas (5,64%). Os que passaram de 79 anos e ainda têm Título de Eleitor são 658 eleitores (0,85%).
Andradina é a que tem maior proporcionalidade de eleitores na terceira idade. Naquele município, dos 39.376 eleitores, 9.063 (23,02%) já têm mais de 60 anos. Já Penápolis tem 8.469 eleitores com mais de 60 anos, o que representa 22,21% das 37.918 pessoas cadastradas para irem às urnas em outubro.
ENVELHECIMENTO
Há uma tendência de que a população idosa seja cada vez mais relevante para as eleições locais nos próximos anos. Como mostrou a Folha da Região em reportagem publicada no último dia 3, Araçatuba vai ter o dobro de idosos em relação a crianças e jovens a partir do ano de 2035. A projeção foi levantada pela reportagem do jornal levando em consideração estudos feitos pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Esta mudança do perfil é resultado de uma redução gradual do índice de natalidade verificado nos últimos anos na cidade.
Considerando o histórico de nascimento e morte de pessoas nas últimas décadas, a entidade acredita que em 13 anos o município terá 51,4 mil moradores com 60 anos ou mais. As crianças e adolescentes de zero a 14 anos serão 25,8 mil. A população de 15 a 59 anos, no entanto, ainda será predominante, com 114,8 mil pessoas nesta faixa etária. Há 22 anos, eram 39,7 mil crianças e adolescente e 18,7 mil idosos.
Atualmente, a proporção entre jovens e idosos no município é praticamente a mesma. Em 2020, Araçatuba tinha 31,2 mil pessoas de zero a 14 anos e 35,2 mil idosos. Em três anos, ainda de acordo com a Fundação Seade, esta distância já será maior, sendo 41,2 mil araçatubenses idosos contra 30,2 mil da nova geração. Em 2030, já serão 46,8 mil (com mais de 60 anos) e 28,03 mil (com menos de 14 anos).
O envelhecimento da população, em todo o Brasil, já desafia governantes a implementar novas políticas públicas, mas também provocará profundas mudanças na forma e no conteúdo dos discursos eleitorais deste ano. Para especialistas, os presidenciáveis precisarão entender o eleitor idoso. É preciso fugir de visões preconceituosas, como a de que os mais velhos necessariamente são conservadores ou votam com base em iniciativas pontuais, como as academias da terceira idade.
“Idoso nunca foi pauta no Brasil, diferentemente do que ocorre na Europa, onde as populações são mais envelhecidas. Questões como a Previdência, que se tornou um tema impopular, e ligadas à saúde, terão de entrar no radar dos candidatos”, diz Helcimara de Souza Telles, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
José Eustáquio, pesquisador do IBGE, destaca que a falta de propostas concretas predomina no que diz respeito ao eleitorado mais maduro. “Até agora, quando um político quer falar para o idoso, só quer discutir coisas boas: festa de terceira idade, atividades culturais, turismo para o que chamam de “melhor idade”, critica José Eustáquio.
*Com Agência O Globo
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