Presidente do Siran afirma que, nos últimos três anos, Araçatuba viveu períodos de grandes amplitudes térmicas
O fluxo intenso de movimentação de máquinas e pessoas em grandes empresas agrícolas pode representar uma perda considerável da produção no Brasil. Somado a outros fatores, como falhas no manuseio, controle de temperatura e umidade, a falta de um espaço adequado para armazenamento representa uma perda de até 10% da produção de grãos, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Culturas como milho, soja, café e outras dependem diretamente das condições climáticas, tanto para seu cultivo, quanto para sua durabilidade depois da colheita. De acordo com a empresária do ramo Giordania R. Tavares, é preciso ter em mente que o espaço de armazenamento deve garantir as condições ideais para cada tipo de produto.
“Mais do que isso, é importante entender que, mesmo com a tecnologia que temos hoje, produtores agrícolas continuam tendo prejuízos que podem ser consideravelmente reduzidos por ferramentas inteligentes, como o uso de portas automáticas, por exemplo”, explica.
Em casos de galpões instalados em locais abertos, um problema comum é a incidência de vento. Embora possa parecer inofensivo, o vento forte pode impulsionar a propagação de pragas, que em poucas semanas podem destruir as safras.
Em locais em que o trânsito de pessoas e máquinas é constante, é preciso estar em alerta para evitar acidentes. Para amenizar a situação, os produtores podem utilizar equipamentos como radar, fotocélula, semáforo, entre outros, que visam a segurança das safras.
ARAÇATUBA
De acordo com o presidente do Siran e produtor rural Thomas Rocco, os dados da Embrapa são referências para os produtores rurais, e esses 10% descritos fazem todo sentido para as atividades agrícola e pecuária de Araçatuba, principalmente por conta da grande amplitude térmica que esteve presente na região nos últimos três anos.
“Houve menos chuvas, porém, quando ocorreram, foram mais intensas, em especial no terceiro trimestre de 2021”, explica o produtor rural. Ele ainda destaca os dias do mês de setembro, em que as temperaturas chegaram aos 42º.
Dessa forma, Rocco afirma que, assim como os seres humanos, as lavouras de soja, milho e feijão sentem os impactos das altas temperaturas e da falta de umidade, que colaboram para que os ciclos de crescimento fiquem mais curtos, abortando flores e vagens, o que aumenta a entrada de pragas, como lagartas, que se aproveitam deste clima.
“Com o gado acontece a mesma coisa, e os animais também sentem as oscilações climáticas, sendo que alguns deles diminuem o ganho de peso diário e podem, no caso de algumas raças europeias, até morrer, como foi registrado no Paraguai”, exemplifica Thomas.
O presidente do Siran diz que o clima é um grande aliado no plantio de culturas planejadas. No entanto, é uma via de mão dupla, pois o clima pode não ser favorável e prejudicar a colheita, que é o que tem acontecido. Por isso, os produtores rurais procuram investir em técnicas e tecnologias para minimizar as possíveis perdas que possam acontecer.
PANORAMA
Segundo o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), divulgado há duas semanas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra nacional registrou queda de 0,4% em 2021, em relação ao ano anterior, após três períodos seguidos registrando números positivos. Em 2021 a produção fechou com o total de 253,2 milhões de toneladas.
Para 2022, o terceiro prognóstico para a safra deste ano indica que o cenário deve mudar e com o volume previsto de 277,1 milhões de toneladas voltará a apresentar mais um recorde, mesmo com o leve recuo de 0,3% ou de 0,9 milhão de toneladas, em relação ao segundo prognóstico.
Apesar da situação climática, com 277,1 milhões de toneladas em 2022, a safra deverá ter 23,9 milhões de toneladas a mais, o que representará 9,4% superior a de 2021. Vão contribuir para isso, a maior produção de soja (2,5%), de milho (11,2% na primeira safra e 29,4% na segunda), de algodão herbáceo em caroço (4,6%), de sorgo (11,4%) e de feijão (10,8% na primeira safra e 4,6% na segunda).
Só na soja, o volume de produção foi estimado em 138,3 milhões de toneladas, o que será um novo recorde e poderá corresponder a mais da metade do total de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidos no país em 2022.
Para o milho a expectativa é a produção de 108,9 milhões de toneladas. Se confirmada, a colheita recorde ocorrerá após a recuperação das lavouras que registraram queda na produção em 2021, causada pelo atraso no plantio da segunda safra e pela falta de chuvas nas principais unidades produtoras.
Em movimento contrário é esperado um recuo nas produções do arroz (-4,9%), do feijão (-0,9%) e do trigo (-7,4%) toneladas. “Apesar da queda, essa produção de arroz deve ser suficiente para abastecer o mercado interno brasileiro”, completou o gerente.
*Com informações da Agência Brasil
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