O índice de ocorrência de larvas encontradas em janeiro pelos agentes de saúde em imóveis de Araçatuba apresentou redução em relação ao mesmo mês de 2020. O chamado Índice Predial (IP) apresentou 7,1 no ano passado, contra 4,3 agora na classificação geral da cidade. Trata-se do número de imóveis com a presença de larvas para cada 100 locais vistoriados. Diferente do Índice de Breteau, que considera não só o número de imóveis, mas a quantidade de recipientes com larvas encontradas.
No levantamento em questão, temos uma situação preocupante. Embora correta, é enganosa a leitura de que o município apresenta um cenário tranquilizador porque o índice está mais baixo. A Organização Mundial da Saúde considera – e as autoridades de saúde no Brasil sabem muito bem disso – que o aceitável seria índice 1. Araçatuba está em 4,3. Pior: como mostrou reportagem na edição de ontem, o índice específico de algumas regiões da cidade está acima dos 6 pontos. Além dos fatores sazonais, com a ocorrência de mais chuva em janeiro para encher recipientes com água nos quintais com terrenos sujos, a proliferação de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, acaba se acelerando diante da falta de cuidados básicos. Em tempos de pandemia, com a tendência para as pessoas ficarem mais em casa, acredita-se que tenha sobrado mais tempo para os moradores cuidarem de seus imóveis. Talvez isso até explique a pequena redução de criadouros.
Não se despreza, obviamente, as ações desenvolvidas pela Prefeitura, que garante ter promovido “integração entre as vigilâncias, uso de nebulizações, tanto portátil quanto veicular, e monitoramento e acompanhamento dos casos suspeitos e positivos”. São ações importantes, que devem ser contínuas, o ano todo. É de se imaginar, aliás, que em 2020 as limitações impostas da pandemia tenham tornado esse trabalho de averiguação ainda mais complicado. Entretanto, o fato é que os índices ainda permanecem em alta, e a pequena redução de casos não pode ser motivo para relaxamento, muito menos para celebrações. Faz bem a administração municipal em manter a vigilância constante, inclusive voltando a campo para novos levantamentos a cada trimestre, para monitoramento da situação.
O cuidado deve ser continuo, por mais que as atenções e as forças estejam direcionadas para a prioridade máxima no combate à Covid. Enquanto isso, nunca é demais reforçar que cabe à população em geral ter a consciência de que a luta contra o mosquito da dengue, zica vírus, chikungunya e tantas outras doenças é uma luta de todos, coletivamente. Os métodos de combate são os de sempre, que até as crianças conhecem bem e são capazes de ensinar inclusive a muito adulto desligado: manter os quintais limpos, sem recipientes que possam acumular água. Afinal, a melhor forma de combater a doença é não deixar o Aedes nascer.
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