A Folha da Região traz, uma entrevista exclusiva com gerente regional Unidade do Sebrae em Araçatuba, Silvia Alzira Abeid Furio, sobre empreendedorismo mesmo em época de pandemia. Entre uns dos ensinamentos, está que toda pessoa pode ser empreendedora e que tudo começa a partir do autoconhecimento e do estimulo. “Em primeiro lugar é muito importante entender quais são as próprias características de comportamento empreendedor e se autoavaliar”, diz.
Leia a entrevista completa:
Como a senhora define uma pessoa empreendedora?
Uma pessoa empreendedora é aquela que tem características de comportamento que a fazem ter resultados diferentes do comum. Temos empresários que necessariamente são empreendedores, e pessoas que são funcionárias e são extremamente empreendedoras (intraempreendedorismo). O comportamento do empreendedor é apontado como um dos fatores decisivos para o sucesso ou fracasso de um negócio. São justamente essas habilidades que são trabalhadas durante o Empretec, uma metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU) e aplicada com exclusividade no Brasil pelo Sebrae. As características de comportamento empreendedor são: busca de oportunidades e iniciativa; persistência; correr riscos calculados; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento; busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemáticos; persuasão e rede de contatos; independência e autoconfiança. E o que faz diferença é como o empreendedor aplica essas características em favor do negócio e da sociedade, criando empresas sustentáveis.
Qualquer pessoa pode ser uma empreendedora?
Acreditamos, no Sebrae, que características de comportamento são adquiridas e podem ser aprendidas, ou seja, todos podem ser empreendedores e tudo começa a partir do autoconhecimento e do estimulo, e pode ser aprendido desde criança. Temos no Sebrae programas que trabalham características de comportamento empreendedor do ensino fundamental até o ensino superior, incluindo programas para candidatos a empresários e empresário já estabelecidos. O mais importante é que as pessoas entendam que tudo pode ser aprendido e reaprendido e que a única certeza que temos para o presente e para o futuro é a mudança. Então, porque não começarmos por investir em nós mesmos? Autoconhecimento é a chave do sucesso e da felicidade.
Como uma pessoa que nunca pensou em ter um negócio por se transformar em um empresário?
Em primeiro lugar é muito importante entender quais são as próprias características de comportamento empreendedor e se autoavaliar. Junto a isso, quais são as competências e habilidades que possui. É saber no que se é bom e potencializar isso. Imagine você podendo trabalhar naquilo que gosta e que tem prazer, associando esse dom com a solução dos problemas dos seus clientes. Caso eu saiba passar roupa muito bem e isso me dá prazer, porque não resolver o problema de vários clientes do mercado que não sabem passar roupa e que não possuem tempo para isso e fazer disso um negócio? Essa é a lógica mais simples.
Quais as dicas para quem pensa em começar a investir em seu próprio negócio?
Uma empresa tem sucesso, independentemente do porte, a partir do momento que o candidato a empresário ou empresário entende que precisa ter características especificas e que esse sucesso em grande parte depende dele e da forma como lida com seus pares. Hoje, a palavra da vez é parceria e não mais comando e controle. Ou seja, isso liberta o candidato de ter todas as respostas e faz com que ele possa se associar a pessoas que tenham outros talentos que complementam o dele. Um segundo fator está relacionado à busca de informações e ao investimento que essa pessoa faz em entender como a atividade a ser realizada funciona. Cada atividade tem uma lógica própria e saber qual é essa lógica é fundamental. Infelizmente, no Brasil investimos pouco em busca de informações, em leitura, em entrevistas com quem já atua na atividade e em observação. E isso faz com que muitas pessoas percam seus poucos recursos investindo em atividades que não tem absolutamente nada a ver com as características da pessoa, com suas potencialidades ou mesmo, com a tendência de crescimento ou não da atividade. Muitas pessoas aposentam e pegam o recurso da aposentadoria e investem em empresas sem absolutamente nenhuma experiência. E a consequência disso é a perda do investimento, a frustração e a necessidade de recomeço. Vale a pena investir em conhecimento e segurar a ansiedade. Hoje a internet tem muita informação, então não se justifica não conhecer a atividade antes. Em terceiro lugar, e mais importante do que os outros dois, está em entender qual o problema a ser resolvido para o cliente. Não se constitui uma empresa para resolver o problema próprio e sim, para resolver o problema daquele que será o cliente da empresa. E isso tem que estar muito claro para quem vai montar a empresa, seja de qual porte for. E se possível, resolver também o problema do cliente do cliente. Um exemplo simples, se eu for montar um restaurante, eu vou montar porque eu adoro cozinhar, contudo, qual o problema do cliente que você quer resolver? E isso é que será um dos fatores críticos de sucesso para o seu negócio. O problema do cliente está na falta de tempo de cozinhar, na necessidade de comer rapidamente, na necessidade de ter um momento de prazer com a família ou com amigos. E para cada problema você tem um perfil de empresa. Tem muito empresário se reposicionamento, principalmente em função de entender à necessidade nova do cliente. É preciso ter muito claro qual problema ele resolve para o cliente dele e qual valor entrega. Existe uma ferramenta muito bacana que se chama Canvas e no site do Sebrae. Nele, o candidato a empreendedor pode construir esse pensamento estratégico.
Qual a principal armadilha para quem quer começar um negócio próprio?
Ansiedade! Isso pode levar a desenvolver um produto ou serviço que não resolva as necessidades das pessoas. Às vezes, os candidatos a empresários têm recurso, tem uma poupança e por terem o recurso, investem sem planejar e sem entender a lógica do negócio. É necessário respirar nesse momento, independentemente do tamanho da proposta. Às vezes, a escassez de recursos pode trazer melhores resultados que a sobra. E para quem já está no mercado, mas teve que atravessar a pandemia. Qual a dica que a senhora dá como especialista? Infelizmente, muitas atividades econômicas foram muito impactadas pela pandemia. Algumas conseguiram se reposicionar rapidamente, contudo, outras não. Minha sugestão é, primeiro de tudo, entender que mudança faz parte do processo e isso não tem a ver com a competência ou incompetência pessoal. Caso o empreendedor esteja se sentindo abalado, procure ajuda psicológica porque enquanto o emocional está sendo trabalhado, há mais possibilidades de resgate e sucesso. Agora é hora de ação e não de culpa ou de colocar a culpa em alguém. Faz-se necessária a reavaliação da atividade e, principalmente, a construção de um propósito claro, tanto de vida como da empresa. O propósito é a essência da missão da empresa. Quando se sabe o porquê se faz as coisas, todos os “os quês” e “comos” são consequência. Muita gente está na linha de frente de empresas e não conseguem se desamarrar porque precisam do dinheiro e isso traz muita felicidade, especialmente em momento de crise. Avalie porque você está na atividade, que porque sua atividade tem e a partir daí, se ainda faz sentido continuar nela e se fizer, reconstrua, faça sua análise do modelo de negócios e revise suas estratégias.
O que o Sebrae oferece para quem está no mercado ou quer entrar nele?
Temos cursos, palestras, consultorias, orientações técnicas tanto presenciais como remotas (pela internet) nas áreas de empreendedorismo e características de comportamento empreendedor, analise de modelo de negócio, analise estratégica, planejamento, analise de ponto (um ponto importante para quem quer ter loja física), estabelecimento de metas e objetivos, marketing e vendas, gestão de pessoas, finanças, produção e outros temas. Além disso, temos ações de negócios como o Programa de compras públicas e compras para a merenda, o Programa Comercio Brasil, Rodadas e participação em feiras e eventos onde o Sebrae viabiliza a participação dos empresários para que possam fazer negócios e ações de inovação como o programa ALI (Agentes Locais de Inovação) onde o Sebrae e o CNPQ viabilizam especialistas em inovação para ajudar os empresários e resolverem os problemas dentro de suas empresas de forma inovadora e contratos com instituições especializadas para viabilizar consultorias em processos, produtos visando melhorar a produtividade, a qualidade, a eficiência e a eficácia das empresa. Tudo que está relacionado a empreendedorismo e inovação o Sebrae possui uma solução para ajudar os empresários e nesse momento de pandemia, todas as soluções são 100% custeadas pelo Sebrae. Nossa sugestão é de que o Sebrae não se sinta só para tomada de decisão e sim, que ele possa conversar conosco para que possamos juntos, ajudar nesse processo desafiador que é o empreendedorismo
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