Com o anúncio da nova estimativa da inflação para o ano, uma projeção de 3,13%, tem muita gente se perguntando como, com o valor abaixo da meta, alguns preços estão tão altos. É o caso dos alimentos, que viraram a grande dor de cabeça para o consumidor de Araçatuba. A reclamação é geral.
“Isso é um abuso. Você entra no supermercado e vai fazer uma compra super-inflacionada. O arroz então… Não tem justificativa. Acho que esses preços são abusivos. O assalariado hoje, com R$ 1.045, não faz compra. Se ele fizer compra, não paga (conta de) água nem de luz”, diz a dona de casa Célia de Freitas, de 46 anos.
O motorista Josias Gonçalves, 54 anos, diz que compra somente o necessário, já que não pode deixar de comer. “Está caríssimo. Aumentou tudo em todos os supermercados. Olharam tudo, mas no supermercado mesmo ninguém olhou nada. Os preços estão todos altos, caríssimo e o governo não olhou nada, porque está tudo caro demais. Aumentou foi tudo: frutas, legumes, produtos de limpeza”, diz.
Já a enfermeira Larissa Andrade, de 28 anos, percebe uma manutenção dos preços nos últimos dois meses, mas em um patamar elevado. Para amenizar o impacto, ela divide as compras no cartão de crédito. “É para poder levar uma maior quantidade de coisas”, diz.
INFLAÇÃO
O Ministério da Economia diz que o principal responsável pela elevação em relação à projeção anterior, feita em setembro, foi o grupo alimentício. O governo já cortou tarifas de importação sobre arroz, milho e soja para tentar conter os preços.
No Boletim Macrofiscal, que traz projeções e comentários feitas pela SPE (Secretaria de Política Econômica), o governo diz que a inflação acumulada do IPCA em 12 meses do grupo Alimentação no Domicílio, após atingir um valor mínimo de 5,06% em março, acelerou até alcançar 18,41% em outubro (último dado disponível).
“Contudo, o comportamento das demais categorias de produtos continua contribuindo de forma a manter a variação do índice geral dentro do intervalo de tolerância”, afirma a SPE.
O grupo Alimentação no Domicílio é composto de 16 itens dos quais 4 mais chamam atenção da pasta sobre inflação. São eles Cereais, leguminosas e oleaginosas (58,59% de alta acumulada em 12 meses encerrados em outubro), Tubérculos, raízes e legumes (21,69%); Carnes (36,42%); e Óleos e gorduras (49,61), este último com destaque para Óleo de soja (85,78%).
Por outro lado, diz o Ministério, alimentação fora do domicílio apresentou variação de 4,69%.
Para este ano, a meta de inflação encontra-se em 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Para 2021, a previsão é que o IPCA suba ainda mais, para 3,23% (em setembro, a previsão era de 2,94%). No ano que vem, a meta de inflação é de 3,75% (também com 1,5 ponto percentual de tolerância).
Para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que serve como base para o reajuste do salário mínimo, a previsão para 2020 teve um salto de 2,35% para 4,10%. Para 2021, subiu de 3,08% para 3,2%. A previsão para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) subiu de 13% em setembro para 21% agora. O indicador é baseado nas compras do atacado e sofre efeito da depreciação cambial e de commodities.
Com informações Folhapress
Comentários sobre esse post