A terça-feira (10) foi marcada por um clima quente na política, em Brasília, que começou com declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a pandemia da covid-19 e as eleições americanas. Depois, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o Brasil pode ter uma hiperinflação. Alguns líderes se manifestaram contra o chefe do Executivo e criticaram o ministro, com destaque para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O primeiro movimento de agito aconteceu quando o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil “tem que deixar de ser um País de maricas” e enfrentar a doença, se referindo à pandemia. “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás (apontando para o local reservado aos jornalistas)”, disse em cerimônia no Palácio do Planalto.
Depois, diante da ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o Brasil sofrerá consequências econômicas caso não haja uma atuação mais firme para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia, Bolsonaro reagiu e disse que uma solução “apenas pela diplomacia não dá” nessa situação. “Depois que acabar a saliva tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem”, afirmou Bolsonaro, nesta terça-feira, 10.
Biden citou a possibilidade de consequências econômicas ao Brasil por causa da política ambiental na Amazônia ainda durante a campanha, em debate com o presidente Donald Trump. No último sábado, 7, Biden foi declarado vencedor das eleições, derrotando o atual presidente americano, de quem Bolsonaro é aliado. O presidente eleito dos EUA tem recebido cumprimentos de diversos chefes de Estado, mas ainda não teve a vitória reconhecida pelo brasileiro.
Já o ministro Paulo Guedes, afirmou que o Brasil pode “ir para uma hiperinflação muito rápido” se não rolar a dívida satisfatoriamente.
No evento “Boas práticas e desafios para a implementação da política de desestatização do governo federal”, organizado pela Controladoria Geral da União (CGU), ele se disse frustrado por não ter conseguido ainda privatizar nenhuma empresa estatal, como prometido na campanha do presidente Jair Bolsonaro, e defendeu desinvestimentos para reduzir o endividamento público.
REAÇÃO
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu no Twitter às falas do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que mexeram com o cenário nacional.
“Entre pólvora, maricas e o risco à hiperinflação, temos mais de 160 mil mortos no País, uma economia frágil e um Estado às escuras. Em nome da Câmara dos Deputados, reafirmo o nosso compromisso com a vacina, a independência dos órgãos reguladores e com a responsabilidade fiscal. E a todos os parentes e amigos de vítimas da covid-19 a nossa solidariedade”, escreveu ele em duas postagens no Twitter.
MOURÃO
O presidente Jair Bolsonaro também afirmou que não está falando com o vice Hamilton Mourão sobre eleições nos Estados Unidos nem sobre nenhum outro assunto. Com a declaração, Bolsonaro desautorizou Mourão, para quem o presidente está aguardando o fim da disputa sobre a contagem dos votos nos EUA para só depois cumprimentar o vencedor.
Três dias após o democrata Joe Biden ter sido eleito presidente dos EUA, Bolsonaro continua aguardando o fim das ações judiciais movidas por Donald Trump, que se recusa a admitir a derrota.
“O que ele (Hamilton Mourão) falou sobre os Estados Unidos é opinião dele. Eu nunca conversei com o Mourão sobre assuntos dos Estados Unidos, como não tenho falado sobre qualquer outro assunto com ele”, disse Bolsonaro à emissora de TV CNN, na segunda-feira, 9, horas após o vice ter se manifestado sobre o confronto na Casa Branca.
Mourão havia dito que Bolsonaro falaria “na hora certa” sobre o resultado das eleições americanas.
Embora a pressão para o presidente se pronunciar tenha aumentado, principalmente após autoridades mundiais, incluindo de extrema-direita, cumprimentarem Biden pela vitória, foi Mourão quem primeiro tomou a palavra.
Comentários sobre esse post