Na edição do último domingo (1), a Folha da Região destacou o fato de que o comércio de Araçatuba deu um grande passo ao futuro ao adotar a internet como ferramenta para mostrar seus produtos, facilitar a vida do consumidor e criar novos meios de comunicação entre eles. Este é um passo fundamental e irreversível. Já não é mais possível pensar em ter uma loja, um restaurante ou uma pequena firma de prestação de serviços sem estar nas redes sociais.
O fato de Araçatuba estar entrando, finalmente no novo século, é louvável. Mas dado este primeiro passo, vem um desafio maior. A criação de mão de obra especializada para prestação deste serviço. Isso porque estar nas redes sociais não é suficiente. Tem todo um sistema de engajamento, divulgação, atendimento e inovação que tem que ser feito por uma pessoa ou uma equipe treinada.
E este é um problema geral em nosso país. Um estudo desenvolvido pelo Centre for Public Impact (CPI) em parceria com a Fundação Brava e o BrazilLAB, finalizado no ano passado, aponta que um dos maiores e mais urgentes desafios para a transformação digital no País é a formação e a qualificação de pessoas que trabalham com um ou mais aspectos da digitalização, desde programadores e técnicos de informática até gerentes de marketing e estrategistas.
Estima-se que até 2024 sejam necessários mais de 300 mil profissionais na área. Atualmente, o País tem o maior déficit entre 10 avaliações na América Latina, ou seja, tem a maior diferença entre a demanda e a oferta. Os motivos residem principalmente nos custos, na evasão escolar e no acesso ainda restrito às novas tecnologias.
Dados do Inep mostram que apenas 46 mil pessoas se formam no setor por ano, seja em instituições públicas ou privadas. Além de ser insuficiente, a oferta apresenta relativo descasamento geográfico em relação ao mercado, visto que o Estado de São Paulo, que emprega 43% dos profissionais com perfil tecnológico, forma apenas 36%, por exemplo.
O trabalhador brasileiro está acima da média dos países pesquisados no estudo em relação à percepção da necessidade de se preparar para o futuro (74% no Brasil, contra 46% da média), mas também quanto ao entendimento de que o maior obstáculo para se desenvolver são os custos (54%, contra 33% da média de 11 países).
Estamos às vésperas das eleições municipais e até agora não se sabe ao certo o que os oito candidatos locais têm de estratégia para colocar a juventude e a empresas nos trilhos da geração de conhecimento digital. Araçatuba tem que se preparar para o novo passo, senão, vai ficar mal na foto das redes sociais.
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