Em continuidade a série de entrevistas Eleições 2020, com os candidatos à prefeitura de Araçatuba, hoje apresentamos a quinta entrevista com o candidato Sebastião Júnior (PT). As entrevistas com todos os candidatos foram gravadas em vídeo e transcritas para a versão impressa. A série segue até o dia 06 de novembro, sendo veiculada no jornal Folha da Região e também na versão em vídeo no portal www.folhadaregiao.com.br, na Fanpage do Facebook e on demond pelo Youtube.com/FolhadaRegião, obedecendo a sequência definida por sorteio. Foi disponibilizado o tempo de dois minutos para a resposta de cada pergunta. Todos os candidatos responderam nove perguntas formuladas pela equipe de jornalismo. A ordem das perguntas foi definida por sorteio pelo próprio candidato.
Folha da Região: Supondo que o senhor é o prefeito neste momento. À sua mesa estão sentadas duas pessoas. Uma pede mais vagas em escolas para as crianças do seu bairro e outra pede mais médico no posto de saúde de outro bairro. E o senhor pudesse atender apenas a uma delas. Qual o senhor atenderia?
Candidato: Em função do momento em que estamos vivendo, é a questão da saúde. A saúde precisa ser prioridade em qualquer governo. A educação, de um modo geral, já está resolvida e bem encaminhada em função da aprovação do Fundeb. Então, a educação tem recurso. Na verdade, onde falta recurso público é na saúde, porque o limite mínimo que a Constituição estabelece, se um prefeito for gastar o mínimo, ele não consegue fazer quase nada na saúde. A maioria das prefeituras que têm um bom trabalho na saúde gastam mais do que os 12% que o limite mínimo exige. Então, entre escolher a educação e a saúde, as duas são extremamente relevantes e importantes.
Folha da Região: Se o senhor tivesse uma verba extraordinária de R$500 mil para aplicar em saúde, educação e asfalto. Mas só poderia escolher apenas uma área para beneficiar. Qual escolheria e por quê?
Candidato: Você sabe que R$500 mil parece muito dinheiro, mas na gestão pública é pouco dinheiro. Pra você ter ideia, esses dias eu fiz um vídeo sobre a questão do asfalto, um quilômetro de asfalto custa em torno de R$300 mil. Então, com R$ 500 mil eu faria, no máximo, um quilômetro e meio, talvez, de asfalto. Então, mais uma vez, eu acredito que eu voltaria a saúde. Em Araçatuba nós temos 19 UBS. O Conselho Nacional de Saúde, nos seus parâmetros, ele estabelece que cada UBS deve atender uma população de 10 mil pessoas, no padrão atual, como as mais modernos que nós construímos ali no Dona Amélia, por exemplo. Então, uma UBS daquele porte, tem a potencial para atender até 10 mil pessoas. Se nós temos 200 mil habitantes, com 19 UBS, aparentemente estaria à frente.
Folha da Região: Se o senhor, ainda em campanha, se encontra com um eleitor que pede dinheiro para comprar remédio, pois sua mãe está muito doente. O senhor sabe que a lei não permite esta doação, mas se comove com a história. O que o senhor faria?
Candidato: Isso tem acontecido muito, inclusive. É claro que nós temos as questões humanitárias. Elas são inerentes ao ser humano, independentemente de ser candidato ou não, todos se comovem. O que eu faria, de imediato, é encaminhar essa pessoa para os serviços públicos dessa cidade para que ela procure assistência social, procure o ouvidor do município e se, por acaso, não tiver o seu atendimento, que ela vá até a Defensoria Pública para solicitar que o seu direito seja atendido. Ou através de uma ação cobrando que a prefeitura execute esse atendimento. Por mais, que alguns medicamentos não são de obrigação da prefeitura. Tem medicamentos que estão na lista do Governo do Estado e na lista do Governo Federal. Mas, a Defensoria Pública vai saber prestar a orientação correta para essa pessoa.
Folha da Região: Na sua análise, o que Araçatuba tem de melhor? Além das pessoas, é claro!
Candidato: Eu encontrei aqui muitas maravilhas. A questão do rio Tietê. Eu gravei recentemente lá na prainha e eu digo que os paulistanos, que tem aquela imagem negativa do Tietê, aquele rio que foi retificado, um rio poluído, quando chegam em Araçatuba não entendem, que mais que o nosso rio não está in natura, porque recebeu obras do homem, as barragens, originalmente ele não era largo também. Mas isso foi resultado da engenharia, mas que ele é muito bonito hoje. Então, quem pode presenciar um pôr do sol no rio Tietê, com certeza vai querer morar em Araçatuba por muitos anos.
Nós temos riquezas e belezas naturais. Tem um povo que é muito acolhedor. O araçatubense é muito acolhedor, que a gente tem muito prazer no convívio. A questão de ser uma cidade ainda de 200 mil habitantes que guarda muitos costumes de cidade do interior. Eu vivo brigando com o meu filho porque ele chega em casa e deixa a moto no portão. E de vez em quando ele esquece a chave no contato. Eu falo pra ele: rapaz, se fosse em São Paulo essa moto não estaria mais aqui. Mas em Araçatuba, é muito comum você passa na rua você vê carro com porta aberta, vidro abaixado.
As pessoas têm uma coisa que eu acho muito bonito aqui, tenho um amigo que mora há 50 anos na mesma casa e conhece as pessoas que estudou com ele na primeira série da escola. Isso nas cidades grandes é muito difícil acontecer. Araçatuba permite ainda que você vive numa cidade bem desenvolvida, numa cidade que tem pungência econômica, mas que guarda muitos traços das cidades do interior que a gente gosta tanto. Eu sou muito feliz aqui.
Folha da Região: O que o senhor acredita que possa colaborar mais que os demais concorrentes para Araçatuba?
Candidato: Eu comecei a militância política aos 16 anos de idade. A gente começou a discutir como a sociedade poderia ser melhor, tanto no ponto de vista da organização sociedade civil, das políticas públicas, das ações de governo. Há 20 anos que eu trabalho diretamente na gestão pública. Fui assessor do deputado Ricardo Berzoini por muitos anos, que depois foi ministro do Lula em 2007. Fui assessor na Câmara Municipal de São Paulo, que é um dos maiores legislativos do mundo, da América Latina é o maior. E também trabalhei na Prefeitura de São Paulo, na assessoria na época do governo Marta Suplicy, e também fui assessor aqui também na prefeitura, do gabinete do prefeito, na época da gestão do PT.
Então, o fato de ter trabalhado intensamente com políticas públicas me dá muito conhecimento para saber discernir o que decidir, e também o tempo de decidir. Porque eu percebo que muitos gestores, por mais que tenha uma equipe técnica boa ao seu lado, erra no momento da decisão. E isso é fundamental para que as coisas deem certo. Não desmerecendo a qualidade dos demais, eu acho que Araçatuba está com bons candidatos, todos eles têm um histórico de relacionamentos importantes da cidade, de prestação de serviços. Araçatuba tem hoje uma opção de fazer boas escolhas em relação ao momento político que nós estamos. Mas eu entendo que o que me diferencia, em relação aos demais, é a composição da chapa.
Folha da Região: Se eleito, qual será o primeiro ato ao assumir o mandato? Qual a prioridade?
Candidato: O meu primeiro ato, já tenho dito isso em várias entrevistas, é cancelar os contratos das duas OSs, tanto da Santa Casa de Birigui e tanto do Mahatma Gandhi, na nossa gestão elas não ficarão no município. Alguém pode dizer o seguinte “Mas o processo da operação Raio X não relacionou Araçatuba”. O que as pessoas precisam entender é o seguinte: um dos critérios principais para classificação na licitação de uma entidade para participar de um programa é o portfólio dos serviços prestados dela em outros lugares.
Você consegue entender isso? Então seja, se o portfólio dela está prejudicado, mesmo que ela não tenha cometido ilícito em Araçatuba, mas o que está se provando é que ela cometeu em outros lugares. E é justamente esse portfólio que a classificou para prestar os serviços aqui. Então, se o que ela argumentou sendo bom para a administração aceitasse ela aqui foi provado que não era bom, isso me dá condições para romper o contrato dela. Fazer uma nova licitação e garantir, ao máximo a permanência dos funcionários, porque os funcionários contratados não têm culpa pelo equívoco cometido pela direção. Mas, Mahatma Gandhi e Santa Casa da Birigui não ficarão em Araçatuba sob o nosso governo.
Folha da Região: O que a cidade tem de pior? O que faria para resolver essa situação?
Candidato: Hoje eu entendo que uma das áreas mais prejudicadas em Araçatuba é justamente para aquele público que está mais vulnerável, que mais precisaria de socorro da assistência, principalmente nesse momento de Covid, que temos muita gente desempregada e que infelizmente, em função da crise que a operação Tudo Nosso causou, o impacto que causou em Araçatuba, essas pessoas estão à sua própria sorte. Uma outra coisa que nós precisamos melhorar muito em Araçatuba é a geração de emprego e renda, porque, em função de vários quesitos, do nosso arranjo produtivo e nossa geografia local, nós não temos cidade do mesmo porte ao nosso redor onde a gente consiga fazer uma região nascer metropolitana, então, um pai de família que fica desempregado em Araçatuba, ele tem que mudar da cidade.
Folha da Região: Por que o senhor quer ser o prefeito de Araçatuba?
Candidato: Primeiro, é o que eu tenho dito à todos: só de ser candidato já é uma honra muito grande. Você ser candidato de uma cidade que tem um partido que você ama, junto com os seus companheiros que você admira. Eu digo, que entrar em campo, vestido o uniforme vermelho e branco do PT, é uma honra para qualquer militante político. No caso de Araçatuba, muito mais, porque a gente tem raízes aqui, tenho muito amigos que aprendemos a conhecer os problemas da cidade e apresentar soluções criativas e inovadoras para eles. Isso é muito importante. Eu brinco que, o período que eu trabalhei na prefeitura na assessoria do gabinete do prefeito, eu fiz um curso de Harvard em Araçatuba, porque, você imagina, todas as demandas da cidade chegavam na nossa sala.
Essa experiência, eu acredito que me qualificou, sabendo dos principais problemas da cidade: a questão da geração de emprego e renda, a questão da transição ecológica que nós precisamos fazer. A gente não tem nada contra a cana. Mas cana é concentradora de renda e ecologicamente a monocultura não é correta. Nós também temos que ter a agricultura na cidade para se proteger. Então, essa paixão por Araçatuba que me motiva a seguir em frente e disputar a eleição. Se puder ser eleito, será o motivo de muita alegria.
Folha da Região: Para finalizar, o senhor tem dois minutos para deixar a sua mensagem final.
Candidato: Eu quero agradecer, em primeiro lugar, a família da gente. Porque ter um candidato em casa não é fácil. Só quem tem um candidato em casa sabe os apuros que a família passa. Porque a rotina muda muito e o empenho é muito grande. Então, quero agradecer muito a paciência que a minha família tem comigo e todo apoio. A dona Ione, Marcos, Matheus, a minha filha nora, a Larissa. Todos eles, eu agradeço de coração o apoio. Agradecer a todos os araçatubenses que tem me recebido ou através do rádio, da televisão ou mesmo presencialmente em suas casas, eu tenho andado bastante.
A gente tem procurado ouvir muito, porque é nessa conversa com a população que a gente continua aprendendo e percebendo o quanto ainda falta a ser feito na cidade. Lá na Jacutinga hoje a principal reclamação era a falta de água, porque lá é um poço artesiano, tem uma caixa d’água, e de vez em quando a bomba quebra e eles passam a noite sem água. Então, são pequenas soluções, que não forem tomadas afetam muito a vida daquela população. Eu quero agradecer a todos que têm me recebido.
A gente agradece até as críticas que a gente recebe, porque as críticas também são motivadoras para que a gente se corrija e procura ser cada dia melhor. Então, muito obrigada Araçatuba por essa experiência maravilhosa que é disputar uma eleição para prefeito nessa cidade que a gente ama.
Clique no link e confira o vídeo da entrevista.
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