Reportagem da Folha da Região noticiou na edição de ontem que uma usina sucroalcooleira foi multada em R$ 502.880 pela Polícia Ambiental sob acusação de ter provocado incêndio em uma grande área na região de Piacatu. Um montante que pode até gerar um efeito pedagógico, mas que não resolve o problema, pois o estrago ambiental não será desfeito, pelo menos num primeiro momento.
É óbvio que o flagrante e a autuação funcionam como uma lição para quem pratica danos ambientais ou permite que ocorra por diferentes motivos, por imprudência, desleixo, ausência de fiscalização, certeza de impunidade ou mesmo por dolo. No caso em questão, investigações mais aprofundadas devem apontar a verdadeira causa, mas as circunstâncias induzem à reflexão sobre uma mescla de todos esses elementos.
De acordo com o levantamento da Folha, o fogo que teve origem em um maquinário agrícola atingiu 292 hectares de cana de açúcar, 80 hectares de pasto e 17 hectares de área de preservação permanente. Um dano ambiental de grandes proporções, que não pode ser minimizado, tanto que gerou multa. Mais do que multar, entretanto, é preciso cuidar para que episódios parecidos não se transformem em rotina.
Rotina foi o que se verificou ao longo dos últimos meses, em que a região enfrentou uma das piores secas dos últimos tempos. Tanto que muitas cidades, a propósito, foram obrigadas a adotar o racionamento de água para a população. O tempo seco, a irresponsabilidade e a imprudência formam uma combinação explosiva, daí a ocorrência de sucessivos incêndios em toda a região, com muitos danos para a fauna e a flora.
Mais do que a devastação ambiental, o sacrifício de vidas animais e o prejuízo material, vidas humanas estão sendo colocadas em risco. Entre os exemplos estão os casos de grandes incêndios ocorridos em terrenos bem às margens de rodovias, obrigando motoristas a redobrarem os cuidados para evitar envolvimento em acidentes. As queimadas com suas gigantescas cortinas de fumaça viraram cenas corriqueiras da paisagem regional.
Já se defendeu neste mesmo espaço a necessidade de reforço de fiscalização, mas nunca é demais bater nesta tecla, uma vez que o problema continua a se avolumar. Que as autoridades locais não se deixem contaminar pelo discurso do governo federal, que vai na contramão do interesse público ao incentivar desmatamentos, debochar das queimadas, desprezar estatísticas e ainda querer afrouxar a legislação para “passar a boiada”.
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