Reformado e de cara nova, o PEBA (Parque Baguaçu) recebe cada dia mais visitantes que desejam passar um tempo em meio à natureza, fazer trilhas e conhecer um pouco mais sobre a fauna, flora e história de Araçatuba.
O chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marcelo Rodrigues de Freitas de Oliveira, em conversa com a Folha da Região, fala mais sobre os objetivos do centro de educação ambiental que será instalado, além dos próximos projetos de estruturação do local e de outros parques do município.
“As pessoas, se não sabiam da existência do parque, não o enxergavam passando pela rua. Com a nova fachada e placas de sinalização turística, não apenas veem o parque, mas também sentem vontade conhecer”, conta Rodrigues, entusiasmado com a nova estrutura do parque, que vem chamando atenção da população.
Além do arco novo da fachada e placas de sinalização, a reforma contemplou também a casa localizada na entrada do parque, que será o polo de educação ambiental, com troca total do telhado, reforma dos banheiros, adequação para acessibilidade e troca de janelas.
O parque ainda não reinaugurou oficialmente por conta de alguns detalhes técnicos restantes para dar início ao funcionamento do centro de educação ambiental, por isso, ainda não é possível agendar visitas escolares. Conforme o chefe de gabinete, a intenção é aumentar o uso da área, mobilizando equipes de diversas secretarias para ações em variados âmbitos.
“A previsão é de que até fevereiro o parque esteja 100% entregue a Araçatuba e região, com estrutura pronta para receber diversos tipos de atividades”, explica Rodrigues, relembrando que, apesar disso, o PEBA está aberto para o público.
Para o próximo ano, o objetivo é estruturar ainda mais os três parques de Araçatuba: Parque Baguaçu, Parque da Fazenda e Zoológico. Segundo Rodrigues, o zoológico está passando por processo de adequações para se tornar um centro de reabilitação e treinamento de animais.
O primeiro passo, que é a regularização jurídica, já foi dado. Junto a sociedade, a secretaria de Meio Ambiente irá elaborar um projeto que será entregue ao prefeito para captação de recursos necessários para o centro. “Queremos permanecer com a estrutura de atendimento a fauna, para receber animais incapazes de voltar para a natureza”, explica.
Com essa nova proposta, as visitas serão agendadas e monitoradas. O centro será constituído por dois núcleos, um para visitação e outro isolado, que será utilizado para o atendimento a animais.
“Uma ave, por exemplo, durante o processo de reabilitação, precisa de um treinamento de voo para fortalecer a musculatura da asa. Então, queremos deixar o animal apto para ser solto”. O Parque da Fazenda, sede da secretaria, junto ao Condema (Conselho de Meio Ambiente), irá elaborar uma proposta para revitalização do local, nos mesmos moldes da reforma que o PEBA recebeu.
Quanto ao PEBA, Rodrigues deseja elevar o nível de estrutura do parque até o final de 2020. O projeto está em fase de elaboração, com trilhas suspensas por todo o local, que garantem acessibilidade a cadeirantes.
Além disso, um observatório de aves há 8 metros de altura, em meio a copas de árvores de bambus está dentro dos planos. “Já está tudo no papel, pronto para ser apresentado. Entre captação de recursos com verba pública, parceiros e iniciativa privada, esperamos iniciar esse trabalho o mais rápido possível”, declara Rodrigues.
PASSEIO PELO PARQUE BAGUAÇU
Ao caminhar pela trilha para mostrar a nova estrutura, Rodrigues, que também é biólogo, aponta detalhes da natureza em meio à floresta, que podem passar despercebidos por olhos desatentos. Em algumas árvores, é possível observar fungos de diversas espécies, em tons de branco e marrom. “É um indício de que a árvore está morrendo, mas não deixa de ser lindo. Faz parte do ciclo”, comenta.
Em seguida, nos deparamos com a árvore mais conhecida do parque, uma unidade de Pau d’Alho, que recebe esse nome popular por conta do cheiro de alho que exala por toda sua extensão, do tronco até as folhas. O biólogo brinca, “se você passar em frente a rotatória da avenida Baguaçu e sentir um cheiro de alho, é a nossa companheira aqui atiçando sua fome”.
À beira do Rio Baguaçu, mais uma entre tantas belezas que o PEBA proporciona é o salto dos Curimbas. Na época de Piracema, quatro meses essenciais para a reprodução aquática, os peixes sobem do Rio Tietê para o Rio Baguaçu em busca de um local com água quente. Assim, o parque ajuda a proteger a reprodução desse tipo de peixe.
Um ponto não tão agradável de observar é o acúmulo de lixo que polui os rios Baguaçu e Machadinho. Os dois rios passam por área urbana e, infelizmente, o lixo jogado de maneira incorreta é trazido até o parque.
“Apesar disso, as águas do Baguaçu e Machadinho se encontram no parque de uma maneira muito bonita. O Machadinho, rio de menor extensão, nasce dentro de Araçatuba e acaba ao se encontrar com o Baguaçu, que nasce em Braúna, possuindo quantidade maior de água. É possível diferenciá-los por suas cores”, diz Rodrigues.
O conhecimento histórico no local é vasto. As rochas e areia vermelha ficam a cargo de contar a história da formação do solo de nossa região. Há 300 mil anos, acontecia a formação dos continentes por meio da separação da Pangeia.
“A região toda em que vivemos era deserto. A instabilidade geológica causada pela separação gerou falhas tectônicas, por onde o magma vazou , formando as rochas basalto”.
Com isso, toda a área desértica, que hoje se encontra a cerca de 300 metros abaixo do solo, foi cimentada pela lava. “Em algum momento, tudo isso foi uma grande ilha de pedra. Depois de passar por sucessão ecológica, com chuva, vento, essa rocha foi desgastada e virou essa terra vermelha que encontramos aqui”.
As visitas podem ser feitas todos os dias das 8 até às 17h, e Rodrigues dá a dica: é um ótimo passeio, seja para fazer uma trilha sozinho ou aproveitar a paisagem acompanhado de família e amigos.
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