Outubro próximo, haverá o Sínodo da Amazônia. Não se confunde o Estado do Amazonas, ou a Amazônia Legal (8 estados brasileiros), com a Amazônia Internacional (com 8 países), Conhecida também como Pan-Amazônia, onde os Bispos se reúnem desde 1952, para inserir a Igreja dentro da realidade do maior Bioma do planeta, que nunca, infelizmente, faltaram denúncias, fazendo com que em 1972 o Papa Paulo VI, declarasse: “Cristo aponta para a Amazônia”. Em 1990 denunciaram vorazmente que a Amazónia estava próxima a ter um desastre ecológico. Praticamente nada fizeram os governos. Cansados de tanta crise e dificuldades, pedem em 2016 ao Papa que faça urgentemente o Sínodo. Atendendo o desejo, o Pontífice marca para 2018 em caráter extraordinário. Ou seja, o Sínodo não foi inventado de uma hora para outra. Quer o atual governo desarticular uma coisa que há tempo se organiza. A palavra Sínodo quer dizer juntos no caminho, ou caminhar juntos.
Todo sínodo tem um estudo preparatório, que no caso foram anos montando as bases para depois analisar e decidir novos rumos. É um “brainstorming” (tempestade de ideias); nele participaram, cientistas sociais, leigos e religiosos, geólogos, biólogos, médicos, enfim, várias ferramentas utilizadas na montagem; sobretudo, ouvindo muito, as pessoas que vivem nas florestas, e os indígenas. O que mais chamou a atenção, na formação preparatória foi a enxurrada de e-mails, cartas e telefonemas da imensa multidão oferecendo ajuda e conhecimentos. Nunca aconteceu isso em nenhum sínodo. Inclusive, até de um governo (Brasileiro), tentando desarticular o sínodo. Chegando ao ponto de querer ter uma cadeira e voz para contestar.
Até o tema incomoda o governo: “Amazônia, novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Inclusive setores do clero tradicional, pois dizem que o documento preparatório tem posicionamentos de xamãs, pajés e caciques de religião primitiva e teologia panteísta. Ou seja, dizem eles, que é o sínodo uma ruptura com o sagrado. Coisa equivocada, pois o posicionamento dos indígenas é tão somente acerca da exploração humana, e da destruição do meio ambiente. Neste particular, em parênteses situamos que no evangelho, não vemos Jesus perguntar antes, para o cego, o paralítico ou o necessitado, qual corrente religiosa ele fazia parte.
Se buscará um novo caminho, para valorizar a comunhão da natureza humana com os frutos da natureza. E o mais saboroso deles é a biodiversidade. O Bioma é rico para agregar possibilidades de vida. O alvo principal é o bem viver e a proteção para as gerações futuras que não conhecemos ainda. E, romper com estruturas que sacrificam a vida, de forma servil e colonizadora. O cuidado com a casa comum, é a base para se construir redes de solidariedade e interação cultural. Foi o que declarou, o Primeiro Ministro da França, quando disse nossa casa estava pegando fogo, referia-se ao seu pais pois a Guiana Francesa é um território da França. E 99% de floresta amazônica. Melhor se tivesse entendido e dito, que todo nosso planeta é uma grande casa comum.
Francisco Moreno é membro do movimento global católico mudança climática
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