O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região de São Paulo determinou a soltura do sindicalista e principal nome envolvido na operação #TudoNosso, José Avelino Pereira, conhecido popularmente com Chinelo. Além do empresário, seu filho, Igor Tiago Pereira, também deve ser solto nas próximas horas.
Os dois tiveram suas prisões temporárias decretadas no dia da deflagração da operação, 13 de agosto, e logo depois a Justiça converteu a decisão em preventiva. Ambos estavam no Centro de Detenção Provisória de Hortolândia (CDP).
#TudoNosso
A operação deflagrada na terceira semana de Agosto investiga um possível esquema de desvio de recursos públicos na cidade de Araçatuba. De acordo com as investigações da PF, um grupo utilizava empresas registradas em nomes de “laranjas” e familiares para fraudar licitações e celebrar contratos com o Executivo.
As investigações identificaram negociações suspeitas, feitas nos últimos dois anos, nas áreas de educação e assistência social. Os valores dos contratos superam R$ 15 milhões, indicou a PF. Aproximadamente 150 agentes federais cumpriram, naquele dia, 14 mandados de prisão temporária e 37 de busca e apreensão em Araçatuba, Clementina, Itatiba, Jundiaí e São Paulo. No dia seguinte, mais duas pessoas foram detidas.
As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Araçatuba, que determinou ainda o afastamento cautelar dos servidores públicos municipais investigados, contudo, o prefeito tucano, antes mesmo, exonerou os envolvidos no caso.
A PF aponta Chinelo como possível líder da organização criminosa e idealizador do esquema que envolvia empresas ligadas a ele e sua família. O empresário, que mora em Itatiba, seu filho e três ex-servidores municipais foram alvos das prisões decretadas pela Justiça Federal e continuam presos preventivamente.
Investigação
As investigações começaram há aproximadamente dois anos, após a PF receber uma
denúncia que indicava a contratação fraudulenta de empresas que prestam
serviços para a Prefeitura Municipal de Araçatuba. Entre as empresas citadas
estão a IVVH (Instituto de Valorização da Vida Humana), que atuava na área da
organização social e Bolívia, que auxiliava a Educação municipal oferecendo
serviços de limpeza.
A operação foi “batizada” com esse nome fazendo alusão ao termo utilizado pelas pessoas investigadas, que publicavam em suas redes sociais a “#TudoNosso” quando “tinham sucesso” nos contratos fraudulentos com o município. Segundo a PF, o filho e o genro do líder do grupo seriam sócios “laranja” de empresas.
As investigações identificaram que o empresário seria o dono de ao menos cinco companhias, ainda que não estivessem legalmente registradas em seu nome. “A maioria dos sócios apenas ‘emprestam’ seus nomes em troca de vantagens do líder da organização criminosa”, indicou a PF.
Além das empresas, o líder do grupo teria criado pelo menos uma organização social para desviar os recursos públicos, indicou a PF. De acordo com a corporação, servidores públicos teriam sido indicados a setores estratégicos no município para viabilizar as contratações e fraudes sem levantar suspeitas ou questionamentos sobre eventuais superfaturamentos.
A Polícia Federal indica que, por conta de sua “forte influência política na região”, o empresário e líder do grupo, indicou pessoas de sua confiança para ocupar cargos de livre nomeação na Prefeitura.
“Com pessoas ligadas ao grupo criminoso atuando diretamente, e com poder de decisão, dentro de secretarias municipais, o empresário conseguiu livre trânsito, articulação e informações privilegiadas relacionadas aos contratos com a municipalidade”, afirmou a PF. As investigações foram prorrogadas por mais 15 dias.
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