A labirintite é uma doença do ouvido que afeta o labirinto e suas estruturas responsáveis pela audição (cóclea) e pelo equilíbrio (vestíbulo). Processos inflamatórios, infecciosos e tumorais, doenças neurológicas, compressões mecânicas e alterações genéticas podem provocar crises de labirintopatias e vestibulopatias, entre elas a labirintite. As pessoas costumam chamar qualquer distúrbio na região do ouvido interno de labirintite.
A labirintite se manifesta, em geral, depois dos 40, 50 anos, decorrente de alterações metabólicas e vestibulares. Níveis aumentados de colesterol, triglicérides e ácido úrico podem acarretar alterações dentro das artérias, que reduzem a quantidade de sangue circulando nas áreas do cérebro e do labirinto.
São considerados fatores de risco para a labirintite: hipoglicemia, diabetes , hipertensão, otites, uso de álcool, fumo, café e de certos medicamentos, entre eles, alguns antibióticos, anti-inflamatórios, estresse e ansiedade.
Tonturas e vertigens associadas ou não a náuseas, vômitos, sudorese, alterações gastrintestinais, perda de audição, desequilíbrio, zumbidos, audição diminuída são os sintomas característicos da labirintite.
A Folha da Região conversou com o otorrinolaringologista Dr. Henrique Augusto Cantareira Sabino, especialista no tratamento da doença para explicar mais sobre as causa, sintomas e tratamentos da labirintite.
Como a labirintite acontece?
Primeiramente é preciso que seja feita uma ressalva em relação ao termo “labirintite”. Apesar de popularmente usado, este termo não é correto, uma vez que os distúrbios do labirinto, ou labirintopatias (termo correto), compreendem uma ampla gama de alterações que culminam na disfunção do órgão do equilíbrio, o chamado sistema vestibular.
Quem sofre desta alteração tem uma sensação de tontura rotatória (também denominada vertigem), como se a cabeça estivesse girando continuamente, ou que o ambiente está girando à sua volta durante as crises. Estas crises podem ter durações diferentes de acordo com as causas do distúrbio do labirinto, podendo ter duração desde alguns segundos a horas, e ser precipitadas por diversos fatores como mudar subitamente de posição, levantar-se ou deitar-se rapidamente, uso de medicamentos ou alterações alimentares.
Quais são as causas das doenças do labirinto?
Uma ampla variedade de doenças pode causar alterações no labirinto. Em nosso labirinto existem pequenos cristais chamados de otólitos, que servem para ajudar na nossa localização espacial, caso um destes cristais se desloque pode ser que inicie um conflito entre o movimento da cabeça e a sensação de rotação, levando a uma crise de tontura. Alterações metabólicas podem levar a quadro de vertigem, assim como processos inflamatórios, infecciosos, quadros neurológicos ou tumorais. Fatores psicológicos também podem ser um componente importante nas crises de vertigem.
Existe alguma restrição de exercícios para quem tem labirintite?
Durante as crises de vertigem evidentemente a pessoa não conseguirá realizar atividades físicas. Porém, após definidas as causas e iniciado o tratamento específico, a atividade física é inclusive recomendada. Existem exercícios específicos de reabilitação vestibular que são um pilar importante no tratamento. De maneira geral, indica-se que as atividades físicas sejam progressivamente iniciadas e que o profissional que esteja acompanhando as atividades tenha ciência do diagnóstico do paciente.
E no caso de alimentação, existe restrição?
Principalmente quadros de origem metabólica podem ser influenciados por alterações dietéticas. Alimentos ou substâncias que possam estimular muito o labirinto como café, doces, chocolate ou refrigerantes podem precipitar crises de vertigem, assim como substâncias depressoras do labirinto, como o álcool. Deve-se evitar também períodos prolongados de jejum, que possam precipitar e quadros de hipoglicemia.
Quando devo procurar um profissional para descobrir se realmente tenho a labirintite?
Sempre que houver uma crise inédita de vertigem, ou seja, se você nunca teve uma crise antes e iniciou o quadro de tontura. Também, mesmo que já tenha tido quadros prévios mas há uma piora dos sintomas levando a crise atual ou uma crise diferente dos episódios anteriores, seja pela intensidade ou apresentação dos sintomas, é recomendado que se procure um otorrinolaringologista. Uma vez que nem toda tontura é sinônimo de alteração do labirinto, o profissional vai avaliar se o quadro realmente corresponde a um quadro de vertigem. Caso não tenha relação com o labirinto, a tontura pode estar relacionada a quadros cardiológicos, neurológicos, ortopédicos ou oftalmológicos, e nestes casos diferentes profissionais podem contribuir para elucidar o diagnóstico.
Como é feito o tratamento da labirintite?
Como existem diferentes causas para as alterações do labirinto não há uma fórmula única para o tratamento. Por exemplo, o deslocamento dos otólitos pode exigir tratamento com manobras de reposicionamento, enquanto quadros relacionados a origem metabólica podem exigir tratamento medicamentoso para as crises e para prevenção de novos episódios, assim como exercícios de reabilitação vestibular.
É possível prevenir a labirintite?
Orientações e conscientização de alterações de estilo de vida, como atividades físicas e hábitos alimentares são essenciais para evitar crises, além de constituir um pilar importante no processo de reabilitação e tratamento.
Eu costumo dizer que o labirinto é como um alerta para o corpo de que algo não está funcionando bem no organismo, e o modo de expressar isso é através da tontura. Portanto, práticas e hábitos saudáveis consequentemente levarão a um melhor estado do organismo de maneira geral.
Qual o exercício físico mais indicado para quem tem labirintite?
É recomendado que pessoas que tenham alterações no labirinto sejam acompanhadas por profissionais durante as atividades físicas, e que estes estejam atentos a sintomas que podem surgir. De maneira geral, a atividade física vai depender de fatores como o condicionamento físico e devem ser iniciadas aos poucos. Deve-se evitar somente situações que levem a mudanças bruscas de posição da cabeça ou que exijam demais do labirinto, como esteiras. Por outro lado, atividades aeróbicas como caminhada, ou exercícios que trabalhem o equilíbrio corporal, como o pilates são recomendados.
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