O brasileiro lê pouco e, no geral, lê mal. De acordo com levantamento divulgado no ano passado pelo Banco Mundial, os estudantes brasileiros devem demorar mais de 260 anos para atingir a qualidade de leitura dos alunos de países desenvolvidos. Se os índices de educação, a partir dos dados do Programa de Avaliação de Alunos (Pisa), não forem alavancados, os números apontam para uma longeva crise de aprendizagem no Brasil.
Como um profissional ligado à educação, fico preocupado em me deparar com a realidade de que 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Vejo, no meu cotidiano profissional, o quanto os profissionais de ensino têm trabalhado para incentivar da leitura nas novas gerações. Fazem isso a despeito da ingrata concorrência com as novas tecnologias.
Alguém pode argumentar que por meio dos aplicativos de troca de mensagens e pelas redes sociais, as crianças e os jovens têm sido obrigados a deparar com mais frequência à obrigatoriedade de lidar com as palavras. Mas, esta quantidade não tem, necessariamente, compromisso com qualidade. Não raro, são textos tão mal escritos que a decodificação requer criatividade e desapego ao entendimento por meio de pontuação minimamente necessária.
Os livros e os artigos, que passam por edição e revisão, continuam sendo preteridos. O brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. Os dados são da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
Defendo que a escola e os professores têm responsabilidade grande, principalmente quando se pensa em escola pública, em que a maioria dos estudantes vem de classes populares, em que grande parte dos alunos vai ter contato com o objeto livro ou ter possibilidade de leitura e escrita na escola.
A escola tem que ser um lugar que propicia essa atividade, e não um lugar que iniba essa atividade. Obrigar é diferente de estimular!
Bruno Raphael de Souza é empresário
Comentários sobre esse post