Embora o governo do Estado de São Paulo tenha suspendido a implantação de um AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Mais no município, o prefeito de Penápolis, Célio de Oliveira (sem partido), considera essa promessa de campanha – a principal delas – como concretizada.
“Eu fui atrás, o AME foi autorizado, foi aberto processo de contratação de OS (Organização Social), foi assinado um contrato, foi depositado o recurso, foi iniciada a reforma e foi iniciada a compra de equipamentos. Não dá para dizer que não foi uma conquista sacramentada”, afirmou o chefe do Executivo.
Segundo Célio, existe um compromisso do atual governo do Estado de São Paulo de que Penápolis receberá o AME Mais em 2020. Para ele, embora uma questão mais demorada de ser resolvida, a vinda da unidade para o município não é “coisa de outro mundo”.
Célio de Oliveira é o terceiro entrevistado da série de entrevistas da Folha da Região com gestores municipais, para fazer um balanço da primeira metade dos governos e cobrar promessas de campanha que ainda não saíram do papel.
Confira a entrevista que Célio concedeu à Folha:
O principal compromisso de sua campanha eleitoral foi a vinda de um AME para Penápolis, que chegou a ser oficilizada pelo ex-governador Márcio França (PSB), mas depois suspensa pelo atual governador João Doria (PSDB). Como está essa situação?
Considero uma promessa cumprida que está suspensa neste momento pelo governo. Eu fui atrás, o AME foi autorizado, foi aberto processo de contratação de OS (Organização Social), foi assinado um contrato, foi depositado o recurso, foi iniciada a reforma e foi iniciada a compra de equipamentos. Não dá para dizer que não foi uma conquista sacramentada. O que tivemos foi uma mudança de governo que suspendeu a ação, com o compromisso de que em 2020 vai implantar o AME. Independente de qualquer coisa, sempre vou falar: conquistar o AME eu conquistei. Se tirarem lá na frente, ele foi retirado de Penápolis. Porém, foi conquistado.
Na mesma época, foi suspenso o convênio para a construção da rotatória na rodovia Sargento Luciano Arnaldo Covolan, chamada de “rotatória da Bonolat”.
Eu considero que esse convênio a gente vai acabar sacramentando porque já está no governo. Talvez na segunda quinzena de março nós seremos chamados novamente para efetivar o convênio. A informação que eu recebi do governo é essa. É algo que versa sobre a geração de emprego e isso, segundo consta, é prioridade do governo estadual. Dessa forma, esse é um dos primeiros convênios que eles querem reestabelecer.
É uma situação mais fácil de resolver do que a do AME?
Na verdade, essa está mais próxima de ser resolvida, não diria mais fácil. Não considero também que o AME seja um negócio de outro mundo. Acho que o AME tem o compromisso de um secretário de Estado. Temos um comunicado oficial da Secretaria Estadual da Saúde dizendo que o AME vai ser instalado em 2020 em Penápolis. Na questão da rotatória, eles pediram para eu ficar responsável pela iluminação, que custará R$ 200 mil, e firmar o convênio de R$ 3,5 milhões, que corresponde ao restante da construção. O primeiro era de R$ 3,7 milhões, mas o governo quis um gesto maior do município e eu aceitei.
Ainda sobre infraestrutura, o seu plano de governo traz a construção de um anel viário, que promete ser uma obra grande. Como está essa proposta?
Estou dependendo de um financiamento que estou pedindo na Desenvolve SP para poder efetivar a questão do anel viário. Acabei de receber, inclusive, a certidão do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) de que me enquadrei na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) no item despesa com pessoal. O município está gastando hoje 51,8% com folha de pagamento. Estávamos gastando 56%. Consegui reduzir por causa de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) que fiz, da co-gestão do pronto-socorro, da economia de R$ 1,5 milhão em horas extras no ano. Como tenho uma boa capacidade de endividamento em uma análise da Secretaria do Tesouro Nacional, tenho a expectativa de contrair financiamentos tanto na Caixa Econômica Federal por meio do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), quanto na Desenvolve SP. O anel viário visa interligar a cidade, saindo do eixo da estrada Penápolis/Avanhandava chegando até as rodovias de acesso Irmãos Buranello e Arnaldo Covolan. É um projeto bem ousado. Um entorno, principalmente, para movimento de caminhões pesados no centro da cidade.
Na parte de desenvolvimento econômico, seu plano de governo fala sobre a construção de um parque industrial às margens das rodovias Marechal Rondon e Assis Chateaubriand. Como está esse projeto?
Esse nós começamos com a expansão da zona industrial, com a presença da Bonolat. Nosso objetivo é, com a presença dela ali, atrair novas empresas. Ainda não temos áreas desapropriadas pela prefeitura, mas nós temos uma área de expansão industrial. Depois da consolidação da Bonolat, que se dará no segundo semestre deste ano, acreditamos que podemos ter uma área industrial consolidada dentro dessa zona de expansão que criamos, que vai da Arnaldo Covolan até a Marechal Rondon. Inclusive, por parte da própria iniciativa privada, já que a Bonolat deve atrair outros negócios em torno dela. Na Assis Chateaubriand, a ideia de um parque industrial, de certa forma, nós a deixamos de lado, porque na área que estávamos pensando utilizar será construído o novo campus da faculdade de medicina.
Apesar de ser um investimento privado, a vinda da Bonolat foi algo pelo qual o senhor lutou para vir para o município.
Muito. É uma empresa que, a médio e longo prazo, vai mudar a cultura econômica de Penápolis, pois eles vão envasar um milhão de litros por dia. Será um grande laticínio, quase semelhante a Nestlé em Araçatuba. Não é uma coisa pequena. Eles estão erguendo agora a torre do leite em pó. É um negócio gigantesco. É uma grande esperança para Penápolis tanto na arrecadação de impostos, quanto na geração de empregos.
Consta também no plano de governo a implantação de uma unidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e do Instituto Federal de São Paulo em Penápolis.
Continuamos a brigar por isso. Nós tivemos um problema com o nosso Instituto de Profissões. Pela ausência de cursos, tivemos que suspender as atividades dele por 90 dias, mas pretendemos retomar. Estamos conversando com o Senai e, agora, com o governo estadual com o projeto Novotec, que é o ensino médio junto com o ensino técnico; e com a nossa Etec (Escola Técnica Estadual) Agrícola, queremos dinamizar isso. Estamos conversando com o Senai para que, nesses próximos dois anos que praticamente estaremos no governo, consolidarmos um pólo em Penápolis. Mas tem essa questão de cortes no Sistema S e não sabemos qual será o impacto. Com o Instituto Federal a gente conversa, mas eles brecaram toda a expansão dos institutos federais no Brasil. É uma coisa que a gente acompanha de perto, mas sabendo que o atual governo mandou brecar a expansão dos institutos federais. Vamos ver.
O seu plano também falava sobre a construção de creches nos bairros Gualter Monteiro e Gimenes Benone. Essas propostas deram certo?
A creche do Gualter Monteiro entreguei em junho de 2017. A obra custou R$ 1,5 milhão. A unidade atende 130 crianças. A unidade do Gimenes Benone tem o mesmo valor de investimento de R$ 1,5 milhão e também atenderemos 130 crianças. Esta obra vou entregar agora no meio do ano. Vai diminuir a nossa demanda reprimida, que hoje está na casa de cerca de 200 crianças.
E a criação de mais um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) na cidade como ficou?
Nós já tínhamos um e entregamos o segundo no Jardim Eldorado no meio do ano passado. O investimento foi mais no material humano, pois ele está em um prédio que nós já tínhamos e fizemos uma reforma. O Jardim Eldorado é o maior bairro da cidade – maior, inclusive, do que cinco cidades da comarca. Moram oito mil pessoas nesse residencial.
O senhor conseguiu concretizar a implantação do Saneamento Ambiental Rural?
Nós temos um trabalho com relação ao Consórcio do Ribeirão Lajeado que está bem dinamizado, mas ainda não concluímos da forma que a gente quer chegar. É algo que temos que atacar. Porém, não sabemos se vai chegar ao estágio de atender isso até o final de 2020, pois está muito incipiente tudo o que está sendo feito.
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