Dezembro chegou e com ele uma cena tradicional em Araçatuba: a de crianças e adolescentes pedindo “boas-festas”. Há alguns anos o Ministério Público e o Conselho Tutelar se reúnem para tentar soluções para acabar com essa prática. Uma delas é a de orientar essas crianças e principalmente os responsáveis por elas. Se a criança estiver no semáforo, com o conhecimento dos pais, o caso pode até ser levado à Justiça.
O principal ponto de concentração desses menores de idade é na avenida Joaquim Pompeu de Toledo, nos semáforos que cruzam com a rua Duque de Caxias.
Ontem a reportagem esteve na Pompeu de Toledo e encontrou crianças e adolescentes dividindo o espaço com entregadoras de panfleto. Alguns desses menores se arriscavam em meio aos veículos para abordar motoristas e pedir dinheiro.
Quando um grupo percebeu que era fotografado, todos se dispersaram. Em outro momento, a reportagem passou e uma criança pediu dinheiro. Essa criança foi questionada sobre a prática e disse que pede dinheiro porque gosta.
De acordo com o promotor da Infância e Juventude, Joel Furlan, a orientação é não dar dinheiro, porque não se sabe o que será feito com a quantia. O MP faz essa orientação, também porque essas crianças podem estar sendo exploradas por adultos. Nesses casos, o ideal é acionar o Conselho Tutelar por meio dos telefones (18) 3608-8499 e 99802-5894. “A família será orientada e, se a criança estiver abandonada ou em risco, poderá ser acolhida, mas isso é uma medida extrema”, diz o promotor.
Segundo a conselheira tutelar Michele Rezende, essa prática tem ocorrido com mais frequência nos últimos três anos. “É uma coisa cultural, porque é só no fim do ano. Essas crianças e adolescentes participam de projetos sociais e quando chega nessa época, os projetos entram em férias e dão férias para elas. Aí elas acabam indo para a rua”, conta.
Conforme Michele, todos os anos o Conselho faz abordagens com o objetivo de orientar essas crianças e os responsáveis por elas. Essas abordagens são feitas com a ajuda de outros órgãos municipais, como o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e o Secoi (Serviço de Convivência Infantojuvenil). “Essas crianças conhecem a gente. Nós somos em cinco. Então quando eles veem nosso carro, correm, fogem. Então a gente tem que parar longe e chegar devagar pra abordar”, conta.
Ainda de acordo com Michele, em muitos casos, os pais não desestimulam a prática porque os filhos acabam levando mais dinheiro para a casa.
A conselheira tutelar disse que hoje deve ser feita uma abordagem no ponto mencionado pela reportagem.
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