Para comemorar o aniversário de 110 anos de Araçatuba, o economista e agropecuarista Dario Guarita Filho lança o livro “Fazenda Guarita 100 anos – Memória da Noroeste Paulista”. A obra conta a história e resgata a memória da compra e da formação da Fazenda Guarita, cuja trajetória está ligada à história da cidade.
O evento de lançamento acontece hoje, às 19h, na Casa do Nelore, no Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado e é restrito apenas para convidados.
O livro tem 207 páginas e foi escrito pela jornalista Teté Martinho. A obra apresenta fotografias históricas que mostram a natureza e a arquitetura da fazenda desde sua fundação até os dias atuais. Serão doados exemplares para bibliotecas públicas, escolas e universidades de Araçatuba, Santo Antônio do Aracanguá, Birigui, Guararapes, Valparaíso e Jaboticabal.
De acordo com a escritora, olhar para o processo de formação e desenvolvimento da propriedade de Araçatuba é uma oportunidade de revisitar os contextos nos quais, de uma forma ou de outra, sua história se insere, entre eles, o crescimento exponencial de São Paulo.
O livro trata não só da história da família e da propriedade, mas também foi contextualizado no período do início do século 20, com a conquista e povoamento do Oeste Paulista.
O coautor, Dario Guarita Filho é neto de Cesar Augusto Guarita, que comprou as terras em 1913, batizando o nome definitivo de Fazenda Guarita. Desde então, a propriedade é administrada pela família. Dario explica que o livro surgiu após uma constatação de que existem poucas propriedades rurais que conseguiram sobreviver nas mãos da mesma família por um período tão longo. “Isso é importante deixar registrado essa saga para as futuras gerações.”
Compartilhar a história de sua família que, ao mesmo tempo faz parte da história de Araçatuba e região, é um desejo que Guarita Filho começou a realizar em 2016, quando iniciou a roteirização do livro e encontrou Teté Martinho para escrever a trajetória que se destaca pelo dedicação das cinco gerações da família Guarita em relação ao legado de seus ancestrais. “Foram dois anos de pesquisas, entrevistas, seleção de fotos históricas e produção de fotos atuais”, conta.
A propriedade segue até hoje atuando em todas as áreas e despertando o interesse da quinta geração da família, representada pelos netos de Dario Guarita Filho, e seus irmãos. “É muito difícil encontrarmos hoje uma fazenda que permanece cem anos nas mãos de uma mesma família”, afirma Guarita Filho, que integra a terceira geração à frente da propriedade. Seu irmão mais velho, César Luís, e o sobrinho Fernando Levy, filho de sua irmã Sônia Helena, também já estiveram à frente da administração da fazenda. A propriedade também é conhecida como uma das referências no país em criação de gado Nelore puro de origem.
HISTÓRIA
Quando o advogado Cesar Augusto Guarita, tabelião em Jaboticabal, comprou, por dois contos de réis, os 426 alqueires da Fazenda Macaúbas, próxima à margem direita do rio Tietê, Araçatuba tinha apenas oito anos de fundação. As terras pertenciam ao engenheiro canadense Robert Todd Locke, que chegou ao Brasil em 1880 para trabalhar na implantação do ramal ferroviário da Noroeste do Brasil, recebendo as terras como pagamento pelo trabalho realizado.
O primeiro ciclo sucessório ocorreu anos após a compra. Com a morte de sua esposa, Edwiges, César Guarita decidiu passar a propriedade da fazenda para seus 10 filhos, todos homens, porém sem nenhuma identificação com a atividade agropastoril.
A administração acabou sendo repassada em 1928 para Dario Ferreira Guarita que, aos 21 anos e bacharel em Direito, assumiu o cargo de 1° Tabelião e Escrivão de Araçatuba e se mudou para a cidade. A proximidade com as terras, na época localizadas no município de Araçatuba, hoje sob os limites territoriais de Santo Antônio do Aracanguá, transformou o jovem tabelião em gestor natural da fazenda.
Dario assumiu o seu estilo inovador e imprimiu uma identidade vanguardista à propriedade. Ele foi um dos pioneiros na criação de gado Nelore ao trazer para a região, em 1950, as primeiras matrizes e reprodutores da raça. O jovem fazendeiro também foi um dos pioneiros do capim colonião nas pastagens.
Defensor do associativismo rural, sem representatividade na época, Dario Guarita foi fundador do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste) e cofundador da Associação dos Criadores de Gado Nelore. Em 1965, foi indicado para a Missão Parlamentar Brasileira que visitou a Índia e o Japão. A experiência o habilitou a integrar a diretoria do Sindicato da Indústria de Frios do Estado de São Paulo e o Conselho Representativo da Indústria Nacional.
Guarita se afastou dos negócios e das funções de representatividade em 1968 e passou a residir em São Paulo. Em 1981, foi homenageado pela Câmara Municipal de Araçatuba com o título de Cidadão Araçatubense. Faleceu em dezembro de 1985. Entre as várias homenagens póstumas, teve seu nome eternizado em Araçatuba em um prédio que retrata muito bem seu estilo de vida arrojado e dinâmico, o “Aeroporto Estadual Dario Ferreira Guarita”.
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