Intimado para uma audiência nesta semana em Ilha Solteira pela morte da estudante e ex-namorada Maria Julia Martins Quintino da Silva, o réu Jean Gomes de Menezes Santana não compareceu por falta de viaturas. A informação consta no termo da audiência que ouviu as testemunhas do crime que ele é acusado. Santana está preso na Penitenciária 2 em Tremembé, na região do Vale do Paraíba.
O feminicídio ocorreu em abril, quando a adolescente saiu da república onde morava e estava a caminho do câmpus da Unesp (Universidade Estadual Paulista) quando foi abordada pelo suspeito, que estava escondido atrás de uma parede. Ele matou Maria Julia com várias facadas. Ela era residente em General Salgado e cursava o primeiro ano da faculdade de zootecnia. Santana foi denunciado pelo Ministério Público em maio.
O ex-namorado foi preso dois dias depois do crime, em Pereira Barreto, quando tentava pegar uma carona. O primo dele, um cabeleireiro de 30 anos foi preso no dia do assassinato, acusado de participar da ação. Em audiência de custódia, ele foi liberado para responder o inquérito em liberdade mediante o pagamento de fiança de um salário-mínimo.
Na denúncia feita à Justiça, o MP afirma que a perícia técnica constatou que a vítima foi atacada com grande violência. A adolescente ainda teve um corte no pescoço, provocando um choque hemorrágico e, na sequência, a morte. “Não bastasse, a vítima ainda sofreu extensas lesões nos pulmões e no coração, além de ter lesionadas as alças intestinais. Não há dúvida quanto à intenção homicida do acusado e está claro que o denunciado agiu com menosprezo à condição de mulher”, cita a Promotoria.
Na decisão aceitando a denúncia, a Justiça de Ilha Solteira afirma que “os elementos de informação trazidos aos autos demonstram a existência material do crime de feminicídio”, e que o crime “foi praticado com requintes de crueldade”. Além disso, o juiz responsável pelo caso cita que o réu é “pessoa fria e extremamente perigosa”.
“Como se não bastasse isso, imperioso considerar que o acusado tentou fugir após a prática do delito, permanecendo foragido durante dias, o que denuncia uma clara predisposição de furtar-se à aplicação da lei penal”, completa o magistrado.
Na audiência realizada em Ilha Solteira, foram ouvidas sete testemunhas, sendo três de acusação e quatro de defesa. Ontem foi realizada outra audiência para oitiva de mais uma testemunha de acusação, desta vez em Pereira Barreto. Santana não estava intimado para essa segunda audiência. A Justiça marcou outra audiência para 14 de dezembro, em Ilha Solteira.
A reportagem entrou em contato com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) para saber porque não havia viatura disponível para transportar o réu, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno.
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