Parabenizo a todas as cidadãs e cidadãos locais que se apresentaram para representar a cidade e a região, tanto no Congresso como na Assembleia Legislativa do Estado, nesta última eleição!
Parabenizo, igualmente, os cidadãos araçatubenses que prestigiaram seus concidadãos com o apoio do seu voto. Manifesto, simultaneamente com tantos outros, a frustração ao ver que a cidade de Araçatuba, apesar dos bons nomes que se apresentaram, não ter logrado sufragar nenhum de seus concidadãos. O desapontamento aumenta ao verificar, não somente a dispersão de votos, como também, e principalmente, o sufrágio dado a figuras exóticas ou estranhas que provavelmente pouco farão em prol da cidade!
A recorrência desta triste situação reacende, novamente, a discussão acerca da legitimidade do atual sistema de votação, particularmente no aspecto representativo. No presente esquema, qualquer candidato tem direito e possibilidade de postular e receber votos em todo o Estado.
A necessidade de conseguir sufrágios induz, naturalmente, os candidatos a costurarem alianças e parcerias, na maioria das vezes oportunistas. Figuras mais influentes e tradicionais amealham dobradinhas com facilidade, usando, não raramente, os nomes locais apenas como trampolim para conseguir mais um punhado de votos que, no cômputo final, ajudarão a sufragar o carimbado candidato.
Essas estratégias oportunistas explicam as constantes reeleições de nomes tradicionais, retardando a saudável renovação na representatividade. Serve, obvia e principalmente, para manter vivos e ativos manjados arranjos e velhos conchavos.
Sai-se desse círculo vicioso, que mantém estados e municípios reféns de tradicionais oligarquias, mudando o sistema de representação majoritária por um sistema distrital ou distrital misto. Por este sistema, usado em muitas outras democracias, cidadãos de uma determinada região só podem votar em candidatos da sua região. Com isto, as urgências das regiões ficam mais bem defendidas e promovidas. Por outro lado, ficará bem mais fácil acompanhar, fiscalizar e cobrar os eleitos.
Afinal, é bem mais ágil e eficiente cobrar um deputado que mora na mesma região, eleito por votos da região, que cobrar outro que, além de ser distante ou mesmo desconhecido, sempre pode alegar estar cuidando dos interesses de vários municípios. Não é de se esperar, evidente, que tal mudança de sistema parta de deputados eleitos. Pouco interesse eles têm de mudar um sistema que beneficia, justamente, políticos carreiristas. A reivindicação precisa sair das bases. Tarefa para as organizações populares, caso realmente se queira uma representação mais real, mais democrática, mais operante.
Democracia se faz por representação justa, real e leal. Por transparência e abertura constante para prestação de contas, postulados tão elogiados e demandados ultimamente, em todos os campos de atuação. Urge mobilizar-se!
Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba
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