O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) aceitou recurso apresentado pelo Ministério Público de Guararapes e aumentou em 2 anos e 4 meses, a pena da estudante Letícia Ayumi Rodrigues Kudo, de Guararapes, que planejou o assalto ao próprio pai, um comerciante da cidade.
Os desembargadores reconheceram que houve o crime de corrupção de menores, devido ao fato de a outra filha do comerciante, adolescente na época, ter participado de reuniões para planejar o assalto.
Assim, a pena de Letícia passou de 9 anos e 6 meses de prisão para 11 anos, 10 meses e 20 dias, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. O crime aconteceu em março de 2016 e ela está presa desde maio daquele ano.
Os julgadores acompanharam o voto do relator, desembargador Andrade Sampaio, e condenaram o amigo de Letícia e ex-funcionário do restaurante do pai dela, pela participação no crime.
Luís Gustavo Silva Yoshimoto, que tinha sido absolvido em primeira instância, foi condenado a 10 anos, 6 meses e 10 dias de reclusão. Na decisão, foi determinada a expedição do mandado de prisão dele, que até esta terça-feira (11) permanecia em liberdade.
O assalto, ocorrido na noite de 27 de março daquele ano, um domingo de Páscoa, ganhou repercussão nacional depois que a polícia descobriu que o crime tinha sido idealizado e planejado com a ajuda de Letícia, que queria dinheiro para viajar para o Japão.
Foram roubadas diversas joias e relógios, avaliados em R$ 40 mil, aparelhos de celular, três armas de fogo, munições, R$ 15 mil em dinheiro, R$ 2 mil em moedas e outros objetos pertencentes aos pais da estudante.
VINGANÇA
Durante a investigação, a polícia descobriu que Letícia havia discutido com o pai dela, com o qual não teria bom relacionamento, por causa de dinheiro. Ela procurou Luís Gustavo, que trabalhava no restaurante da família, contou que queria roubá-lo.
Ele, que também tinha discutido com o comerciante a respeito de valores referentes a direitos trabalhistas que acreditava ter, concordou com a ideia, alegando que a vítima precisava de uma lição.
Segundo a denúncia, foi Luís Gustavo quem ligou para Rafael Henrique da Costa e marcou o encontro no qual esteve com Letícia, a irmã dela, na época com 17 anos, e Anderson Gunais Stringhetta. O grupo concordou com o assalto após ela afirmar que os pais dela guardavam dinheiro, armas e joias em casa, em um cofre e um fundo falso dentro de um dos guarda-roupas da casa.
Naquele mesmo dia, Letícia criou um grupo no aplicativo WhatsApp, denominado “Play”, e adicionou Rafael, Anderson, Luis Gustavo e a irmã adolescente, para acertar detalhes do roubo. Vitor Diniz Araújo e Carlos Eduardo Rocha Dias foram adicionados no grupo posteriormente, por isso, não foram condenados por corrupção de menores.
Nesse grupo, ela postou fotos das portas e janelas da casa dela, do cofre e do fundo falso do guarda-roupa da irmã dela. Também disponibilizou fotos do pai dela e do restaurante da família, a planta da casa e a filmagem de todos os cômodos.
Em novo encontro, Letícia mostrou o mapa da residência aos assaltantes e concordou que os familiares dela deveriam ser amarrados e agredidos, inclusive a irmã mais nova dela, e que o dinheiro roubado seria dividido entre todos os envolvidos, o que não aconteceu.
Na noite do crime, a estudante e a irmã dela ficaram em um quarto para informar aos assaltantes sobre a movimentação dos pais dela. Anderson levou o grupo até a casa das vítimas e os três assaltantes entraram no imóvel após pularem o muro. Eles renderam a irmã mais nova de Letícia, que estava na cozinha, e o pai dela, que estava na sala.
Os dois foram amarrados e o comerciante foi agredido com socos, chutes e coronhadas na cabeça. Durante a ação, a estudante e a irmã dela também foram amarradas para não levantar suspeitas.
Alguns dias depois, a Polícia Civil realizou buscas e apreendeu as armas de fogo e parte das bijuterias e joias subtraídas, avaliadas em R$ 8 mil, que foram devolvidas ao casal e esclareceu o crime.
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