Essa semana, o Senac Araçatuba está promovendo a Semana de Alimentação com o tema “Consumo Consciente de Alimentos”, com palestras que abordam o universo da alimentação, o processo da escolha do que consumir até o descarte do que foi adquirido e não foi consumido. O nutricionista e especialista em Docência em Saúde com atuação em nutrição clínica e saúde pública, Weberson Vecchi ministrou a oficina “Influenciadores dos Hábitos Alimentares”, ontem.
Por e-mail, ele explicou mais sobre as características dos hábitos alimentares, os influenciadores externos e internos ao consumo excessivo de alimentos, a atuação das mídias no processo de escolha dos alimentos e a atividade de autoavaliação do perfil do consumo alimentar.
Ele explica que as características dos hábitos alimentares na atualidade são bem menos saudáveis, o que é preocupante, pois segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 50% dos homens brasileiros com mais de 20 anos estão acima do peso; entre as mulheres, o número é de 48%. A obesidade atinge 12% dos homens e mais de 16% das mulheres.
“Se 40 anos atrás a preocupação era com a desnutrição, hoje é a obesidade que mais ameaça a saúde dos brasileiros. Isso é reflexo de uma mudança cultural. O consumo de alimentos mudou bastante. Alimentos mais gordurosos, como sanduíches e pizzas, entre outros, ganharam espaço na mesa do brasileiro, e também acarretam ganho de peso.”
Para pessoas que estão buscando começar a fazer um consumo alimentar mais saudável, ele fala que hoje não é difícil obter informações sobre uma dieta saudável e nem encontrar alimentos para isso. Mas dar o primeiro passo para se cuidar é o mais complicado. “O problema é realmente começar a cuidar de si mesmo, sem adiar constantemente o primeiro passo “para a próxima segunda-feira”. Esse comportamento é comum, pois parece que essa tarefa é impossível e insuportável.
Nesses casos, recomenda não tentar mudar drasticamente, mas aos poucos. Procurar um profissional nutricionista é de extrema importância para que estas mudanças sejam concretizadas de uma maneira natural sem provocar grandes transtornos”, explica Vecchi.
Um dos temas abordados em sua palestra foi a autoavaliação do perfil do consumo alimentar, que é realizada através de uma recordação dos alimentos consumidos e do preenchimento de uma tabela de frequência do consumo de grupos de alimentos, onde através destas informações, o profissional nutricionista elabora um plano alimentar individualizado para cada pessoa, evitando assim, o consumo excessivo de alimentos e evitando os alimentos industrializados com alto teor de gorduras, açúcares e sal.
Influências na alimentação
Segundo ele, há vários fatores que influenciam na alimentação, como por exemplo, as influências culturais, genéticas, recompensa e castigo, sensação de fome e saciedade, sedentarismo, pressão social, condição econômica e fatores emocionais. São eles que caracterizam a forma como as pessoas se alimentam e como preparam o cardápio que irão consumir.
“A influência negativa para a escolha e consumo de certos grupos de alimentos pode ser um gatilho para o desenvolvimento de patologias relacionadas a alimentação como as DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis), com maior incidência de doenças relacionadas com a alimentação, incluindo a obesidade, a diabetes de tipo 2, e de doenças cardiovasculares”, destaca Weberson Vecchi.
Hoje, nas redes sociais têm diversas personalidades falando diretamente como se alimentam, podendo prejudicar quem acompanha as dicas, pois quando uma pessoa usa a dieta ou as recomendações de terceiros, a prescrição nutricional deixa de ser algo individualizado.
“Quando um esquema alimentar é sugerido para consumo, o profissional de nutrição leva várias questões em consideração, principalmente as necessidades nutricionais daquela pessoa e qual é o objetivo a ser alcançado”, explica.
Outro assunto que ele também abordou foi sobre os influenciadores externos e internos ao consumo excessivo de alimentos, onde explica que os influenciadores do meio interno dizem respeito dos neurotransmissores, hormônios, taxa metabólica, estados do sistema gastrointestinal, tecidos de reserva, formação de metabólitos e receptores sensoriais.
Já os influenciadores do meio externo dizem respeito as características dos alimentos: o sabor, familiaridade, textura, composição nutricional e variedade e características do ambiente: temperatura, localidade, trabalho, oferta ou escassez de alimentos, assim como crenças sociais, culturais e religiosas e também as mídias sociais e televisiva.
“Fatores como a urbanização, compressão do tempo e espaço, a industrialização e o crescente marketing contribuem para o aumento do consumo de alimentos. Refeições fora de casa e a busca pela praticidade e economia de tempo, fazem com que as pessoas escolham o alimento “mais prático”.
A indústria de alimentos capitaliza esta problemática oferecendo soluções imediatas através dos alimentos ultra processados, congelados e enlatados. A mídia, tanto televisiva como as mídias sociais, fica encarregada de disseminar estas informações para toda a população”, conclui.
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