O jeito mais correto de protestar é rezar com atitudes! Vive-se, politicamente, situação tensa e dramática. Evidente está a insatisfação com o deplorável contexto político. Ressente-se agudamente a falta de lideranças a inspirar confiança na população. O desalento, porém, não pode restringir-se a protestos irados e xingamentos raivosos contra os atuais representantes eleitos. Na condição de cidadãos responsáveis, como também de cristãos conscientes, a indignação deve expressar-se em iniciativas concretas de renovação. Que se reze com atitudes!
Emerge uma primeira atitude de prece cívica: participar! As eleições estão próximas e o cidadão é convocado a participar. O sábio Platão já alertava: a indiferença com o destino da cidade acarreta altíssimo custo: ser governado por ímprobos e ineptos administradores. Propaga-se com preocupante desenvoltura a proposta de abster-se de votar como enfático protesto contra as nocivas irresponsabilidades cometidas. Entende-se o agudo e justificado grau de repulsa presente na maioria dos cidadãos. No entanto, não é negando-se de participar do processo político que se vai conseguir recolocar o país no rumo certo, no rumo ético, no rumo do progresso.
Nada muda com omissões, é do bom senso. Ao contrário, ao esconder-se, os honestos fazem o jogo que mais favorece os aproveitadores. Os políticos carreiristas mantêm-se sempre ativos. Plena consciência possuem que somente pelo voto conseguirão manter seus privilégios! Com astúcia, agradam para garantir votos. É pelo voto, portanto, que se consegue, democraticamente, mudar a situação. Votar é a primeira prece cívica.
Salta a próxima reza cívica, de igual impacto: votar com critério. É comum, no processo eletivo, focar a atenção em candidatos, esquecendo-se que democracia se faz, em primeiro lugar, com partidos políticos. Antes de analisar candidatos, é mister conhecer o programa do partido e compará-lo com seu histórico retrospecto.
Evidente é que, em tese, todos os partidos apresentam programas irretocáveis. Urge analisar as orientações partidárias em assuntos de relevância nacional. Urge analisar as reais razões a inspirarem condutas e votos, conchavos e arranjos, se motivadas por genuíno interesse nacional ou por escusas vantagens corporativistas. A filiação partidária é precioso filtro para averiguar lisuras e coerências.
Diante da atual situação do País, as próximas eleições se apresentam dramáticas. Analistas políticos costumam alertar quanto ao perigo – real – de votar com emoção, esquecendo a razão. A fatura a que se é obrigado a pagar depois fica, como se sabe, demasiadamente cara. Estão aí os recentes acontecimentos a comprovar a indigesta tese. A consciência cidadã impõe participar do processo eleitoral com serena reflexão e críticos princípios. A consciência cristã, por sua vez, convoca a rezar com coerentes atitudes!
Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba
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