Duas situações relacionadas ao comportamento dos bancos que concedem crédito para a aquisição de imóveis estão animando as construtoras de empreendimentos de alto padrão da região Noroeste do estado de São Paulo.
A primeira é o aumento do limite do valor do financiamento, que deveria entrar em vigor em janeiro de 2019, mas pode ser antecipada para este ano. Para reativar o mercado, haja vista a retomada esperada para este ano andar a passos lentos, o Governo Federal anunciou ações de estímulo ao crédito.
Entre as principais mudanças anunciadas está o aumento do teto do valor financiado dentro do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que será ampliado para R$ 1,5 milhão em todo o país. Hoje, o limite é de R$ 950 mil nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal. Nos demais estados, o teto é de R$ 800 mil.
O sistema regula a maioria dos financiamentos imobiliários no Brasil e usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ou da poupança. O teto de R$ 1,5 milhão valeu temporariamente em 2017. A experiência foi considerada positiva e, agora, a medida deverá ter caráter permanente.
Na prática, o cliente poderá sacar o FGTS para abater do saldo devedor do imóvel ou evitar eventuais empréstimos bancários. Também terá acesso a juros mais baixos, já que nos financiamentos pelo SFH eles são limitados a 12% ao ano, com atualização do saldo devedor pela TR (Taxa Referencial). Essas taxas costumam ser menores do que as praticadas em outras modalidades de crédito.
Para o diretor do Sinduscon OESP (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Oeste do Estado de São Paulo), Reinaldo Roberto Dainese, quem tem a intenção de adquirir um imóvel deve aproveitar o momento, pois quem vende imóvel tende a suspender a oferta à espera de um preço melhor. “Não há dúvida que a melhor hora de comprar é agora, pois quem ficar esperando para ‘ver o que vai dar’, vai acabar se deparando com a alta do mercado, pagando mais caro pelo imóvel”, comenta Dainese.
Engenheiro civil e proprietário de uma construtora de empreendimentos habitacionais de alto padrão em Araçatuba, ele explica que ainda não é possível fazer estimativa de aumento nas vendas, mas admite que existe a expectativa de sensível elevação na comercialização de imóveis neste segundo semestre do ano, em comparação com o primeiro semestre.
JUROS
A segunda situação que anima os construtores de alto padrão é o fato de os bancos estarem baixando as taxas das linhas oferecidas pelo Sistema Financeiro de Habitação, que partem de 8,8% ao ano.
Segundo Dainese, a disputa pelo mercado de crédito imobiliário está cada vez mais acirrada e quem ganha com isso são os consumidores, que conseguem taxa de juros mais atraentes. Depois de a Caixa Econômica Federal reduzir os juros, outras instituições financeiras concorrentes também diminuíram seus porcentuais.
Na Caixa, as taxas mínimas estão atualmente em 9% ao ano, no caso de imóveis dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Na ofensiva das instituições neste segmento, o Bradesco tem hoje uma das menores taxas para financiamento imobiliário. Pelo SFH, os juros partem de 8,85% ao ano. O Santander, por sua vez, tem linhas a partir de 8,99% ao ano, assim como no Banco do Brasil, que cobra a mesma taxa.
Recentemente, o Itaú Unibanco também anunciou nova redução em suas taxas de juros para o financiamento imobiliário. Para imóveis enquadrados no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a nova taxa será a partir de 8,8% ao ano. Já no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), o porcentual será a partir de 9,3% ao ano. Os novos custos variam dependendo do perfil do cliente e do seu relacionamento com o banco.
Quanto às taxas dos bancos, o diretor do Sinduscon OESP afirma que a concorrência é benéfica, sendo que algumas instituições financeiras que trabalham com crédito imobiliário apresentam maleabilidade muito interessante para o cliente. “Temos exemplos de construtoras cujos empreendimentos foram financiados, praticamente na sua totalidade, por bancos privados que ofereceram condições mais vantajosas que os agentes financeiros oficiais”, finaliza.
Para a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), a mudança irá beneficiar não só a construção civil, mas a economia como um todo. De acordo com o governo, as mudanças injetarão cerca de R$ 80 bilhões no setor da construção civil em seis anos.
Segundo incorporadoras, a medida deve aumentar o emprego no setor a longo prazo, uma vez que ainda existem muitos imóveis vazios e investidores tendem a esperar a venda dessas unidades para fazer novos lançamentos. Para aproveitar o fundo, o comprador precisa ter no mínimo três anos de trabalho sob o regime de FGTS. Ele não pode ter outro financiamento SFH ou ser dono de imóvel.
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