João Castilho Pimenta tem 67 anos, mora em Araçatuba, recolhe recicláveis e limpa terrenos para obter o dinheiro do sustento. Além de enfrentar dificuldades financeiras, ele tem outro desafio na vida: lidar com o filho, de 35 anos, que sofre esquizofrenia.
O idoso procurou a Folha da Região porque disse que desde 2004 enfrenta essa situação e já conseguiu a internação do filho algumas vezes, mas por períodos pequenos. Sem condições físicas de cuidar do rapaz, ele agora quer que a Justiça determine a internação compulsória do filho, para que possa ter um pouco de tranquilidade e para cuidar da própria vida.
Pimenta mora sozinho com o rapaz em uma pequena casa no jardim Brasília. Ele diz que devido à agressividade do filho em momentos de crise, tem passado as noites em outro lugar. Segundo conta, recentemente teve que escorar a porta com um pedaço de madeira para o filho não entrar na casa e agredi-lo. Mesmo assim, ele conseguiu arrombá-la.
O pai revelou que o rapaz já quebrou mais de um televisor, um tanquinho de lavar roupa e um chuveiro. Na manhã de ontem, a reportagem foi à casa dele, que estava com o cano do hidrômetro quebrado. Segundo Pimenta, o filho causou o dano e ele aguardava equipe da Samar (Soluções Ambientais de Araçatuba) para fazer o reparo.
CRAS
O pai apresentou à reportagem a cópia de uma declaração do médico psiquiatra José Fragoas Netto, do Ambulatório Regional de Saúde Mental de Araçatuba, atestando que o filho dele está em tratamento psiquiátrico por ser portador de esquizofrenia. O documento é de 21 de março deste ano.
Também foi apresentado um receituário de 19 de junho, preenchido pelo médico Lázaro Benedito Pena, do Caps 3 (Centro de Atenção Psicossocial Adulto). Nele consta que o paciente está em tratamento no Ambulatório de Saúde Mental e necessita de internação em hospital psiquiátrico. Pimenta informa que já procurou a Defensoria Pública para dar entrada no pedido de internação compulsória, mas o procedimento não teve andamento.
ATENDIMENTO
A Prefeitura de Araçatuba confirmou que o paciente faz acompanhamento médico no antigo Ambulatório Regional de Saúde Mental desde os 15 anos. Ele já passou por internações nos hospitais psiquiátricos Benedita Fernandes, em Araçatuba; Felício Lucchini, em Birigui; e João Marchesi, em Penápolis.
Segundo o município, com o fechamento dos hospitais de Araçatuba e Birigui, obedecendo a Reforma Psiquiátrica do final de 2015, foi implantada em Araçatuba a Raps (Rede de Atenção Psicossocial), que em 2017 passou a oferecer serviço especializado a pacientes portadores de transtornos psíquicos graves e persistentes no Caps 3. “O paciente citado recebe acompanhamento de equipe multidisciplinar desde 7 de agosto de 2017”, informa.
O atendimento é feito de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. Pacientes recebem alimentação, cuidados de enfermagem, medicação e atividades propostas pelo Projeto Terapêutico Singular.
De acordo com o município, há demanda para nova Residência Terapêutica na cidade, mas os pacientes precisam ter dois anos de internação ininterrupta ou ausência de familiares para serem atendidos. “Portanto, para nova unidade prestadora deste serviço, o município terá que arcar com todo o custeio”, argumenta.
Sobre as vagas de internação psiquiátrica, a prefeitura informa que não pode interferir, sejam elas compulsórias ou não, pois o sistema regulador é de competência da Secretaria Estadual de Saúde. “Os serviços municipais de saúde, Caps e pronto-socorro, têm a função de inserir os dados do pedido de internação na Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e aguardar a devolutiva da vaga”, conclui.
Comentários sobre esse post