A Prefeitura de Araçatuba começou ontem um “arrastão” para abrigar, em seis instituições parceiras, moradores de rua ou em situação de risco. A ideia era percorrer várias praças da cidade, mas a ação terminou na Rui Barbosa, depois que alguns moradores de rua confrontaram guardas municipais e policiais militares.
A alegação deles é que não queriam ser levados à força para os abrigos. As ações continuam hoje e, segundo a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Assunta Curti, não haverá mais tolerância a moradores de rua na cidade.
As abordagens começaram próximo a um supermercado na rua do Fico, onde guardas municipais, a secretária de Assistência Social, Maria Cristina Domingues e Assunta Curti, conversaram com o morador de rua Jonathan Santos Araújo, 26 anos. Ele foi levado ao Centro POP, onde já tinha cadastro, e depois encaminhado ao Centro Terapêutico Divina Providência.
No Centro POP, ele conversou com a Folha da Região e disse que está disposto a mudar de vida, deixando o vício em álcool e drogas. Araújo é de Guararapes, onde mora a família, mas devido a uma restrição judicial, não pode se aproximar dos parentes. Por causa disso, escolheu as ruas para morar. Ele já ficou mais de um ano internado em uma instituição em Águas de São Pedro, mas logo que saiu, voltou a usar drogas. Araújo contou que “usa de tudo”, principalmente crack e cocaína.
A vida nas ruas lhe rendeu algumas prisões por furto. “Se eu pudesse estaria em casa. É difícil, não vou prometer, mas vou tentar”, referindo-se à ajuda que começou a receber ontem para abandonar as drogas. Chegando à casa terapêutica, os funcionários encontraram uma porção de crack com ele.
De acordo com a secretária de Assistência Social, existem atualmente 103 moradores de rua em Araçatuba, segundo levantamento feito pela pasta e pelo Centro POP. Isso porque, muitos desses moradores procuram a unidade, no bairro Paraíso, para comer, tomar banho e, em alguns casos, buscar ajuda para encontrar a família ou tratamento de vícios.
Maria Cristina afirmou que a ação de ontem não tinha como objetivo levar esses moradores à força aos abrigos e sim, somente os que estivessem dispostos e quisessem ser ajudados.
Conforme Assunta, o que estava sendo feito era dar uma oportunidade de, pelo menos, eles terem onde passar a noite. Se não quisessem a ajuda, poderiam ir embora hoje.
Depois do Centro POP, as equipes foram até a praça Rui Barbosa, onde algumas pessoas foram abordadas. Elas resistiram à abordagem e desacataram guardas e policiais. Quatro deles foram levados a abrigos. No total, seis pessoas foram encaminhadas a esses centros de tratamento.
Por telefone, Assunta disse ontem à tarde que “a população está revoltada com o tanto de morador de rua”. Ela disse ainda que “não vai mais tolerar morador de rua na cidade”. Segundo ela, a “ação solidária” tem como objetivo dar uma vida nova a essas pessoas, recebendo tratamento adequado e até uma colocação no mercado de trabalho. Assunta disse que é comum que nessas abordagens haja resistência, por isso a necessidade de usar “um tom de voz mais alto para que eles entendam que isso é para o bem”.
A presidente do Fundo Social disse que muitas prefeituras, principalmente de cidades do Mato Grosso do Sul, mandam pessoas em situação de risco para Araçatuba e Andradina e que será feito um trabalho para enviar esses moradores de volta para as cidades de origem. Ontem mesmo um jovem, que estava com a mulher no Centro POP, afirmou ser de Andradina e que a Prefeitura de Araçatuba estaria providenciando a volta dele para a cidade onde mora.

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