A Folha da Região conheceu cinco pessoas que tiveram a oportunidade de recomeçar por meio do Centro Pop. Uma delas ainda vive no abrigo e a partir de terça-feira (7) começa a trabalhar no setor de limpeza em um supermercado de Araçatuba. Nascido na Itália, Ricardo Pinto, 44 anos, é descendente de índio, colombiano e italiano. A mãe, ele não conheceu. O pai viveu com ele até os 7 anos e depois decidiu voltar para a Itália.
No Brasil, ele foi adotado por uma família e viveu a maior parte do tempo em Manaus (AM), onde se tornou frade. Nas missões da Igreja Católica ele percorreu várias unidades da Federação até que decidiu abandonar a ordem e levar uma vida “comum”. Mudou-se para o Paraná, onde trabalhou na roça e depois viveu na rua por bastante tempo.
Ele chegou a Araçatuba neste ano, morando na rua até ser abordado por assistentes sociais e convidado a conhecer o Centro Pop. Eletricista e músico, não conseguiu oportunidades nessas áreas. Disposto a mudar de vida, Ricardo Pinto elaborou um currículo e distribuiu em várias empresas da cidade. Antes de conseguir o trabalho no supermercado trabalhou na Acrepom (Associação dos Catadores de Papel de Araçatuba).
Foi na Acrepom que Ricardo Pinto conheceu o catador de recicláveis Pedro de Souza, 53 anos. Vindo de Bauru, ele chegou a Araçatuba há três anos com a promessa de trabalho em uma construtora, mas o emprego que lhe foi prometido não existia. Então, passou a cuidar do pai de um amigo que o acolheu. Com o falecimento do idoso, a casa foi vendida e ele foi morar na rua, até conhecer o Centro Pop.
Com a ajuda dos funcionários, Souza conseguiu trabalho como catador e hoje mora em uma casa que pertence à Acrepom no bairro Alvorada. Na mesma residência e quarto também mora Manoel de Sá, 60 anos, que igualmente trabalha na associação e veio de Itapira, cidade perto de Águas de Lindoia e Serra Negra.
Depois de passar por várias cidades, Sá chegou neste ano a Araçatuba, e como não tinha onde morar foi acolhido no albergue. No Centro Pop passou por cursos e conseguiu um emprego. Agora, ele aguarda por uma cirurgia de catarata.
Também na Acrepom trabalha Leonardo da Silva, 55 anos, que veio de Recife (PE). Antes de morar no Centro Pop, onde está há cerca de quatro meses, dormia na rodoviária da cidade. Silva contou à Folha da Região que foi orientado por guardas municipais sobre o acolhimento do Centro Pop e decidiu procurar um lugar para morar.
O pernambucano ainda vive no acolhimento, onde divide um quarto com outras três pessoas. No local, ele tem direito à refeição e a um lugar quente para dormir. “São pessoas boas, tanto aqui no Centro Pop quanto na Acrepom, onde espero subir de cargo”, afirma.
Por fim, a Folha conversou com Sandra Batista, 37 anos. Ela ainda está à procura de uma oportunidade de trabalho, mas conseguiu, com o pouco dinheiro que o marido ganha como ‘flanelinha’ alugar uma casa para morar.
Por mais de um ano e meio ela disse ter sido “escrava do diabo”, por causa do vício nas drogas, principalmente crack. O marido também era viciado. Sandra contou que procurou ajuda no Centro Pop, quando a unidade ainda funcionava na Vila Mendonça. Lá ela pediu internação em uma clínica para dependentes químicos, onde diz ter conseguido se livrar do vício.
No período em que era atendida pelo órgão fez curso de panificação, e agora diz que “não quer andar pra trás, igual caranguejo”. Pretende conseguir um emprego ou pelo menos um bico nas eleições e trabalhar como cabo eleitoral.
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