Para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo desembargador Rogério Favreto, plantonista do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), no último dia 8, e, no mesmo dia, a decisão do presidente do tribunal, desembargador Thompson Flores, de suspender a sentença, mantendo o petista preso, foi o “ponto alto do escracho” do Judiciário brasileiro.
Padilha é pré-candidato a deputado federal pelo PT e esteve ontem em Araçatuba. Confira trechos da entrevista que ele concedeu à Folha da Região:
Por que o senhor decidiu ser pré-candidato a deputado federal?
Essa é uma decisão feita por vários companheiros e pelo ex-presidente Lula. Fui candidato a governador há quatro anos. Houve a discussão sobre tentar de novo, mas decidi ser pré-candidato a deputado federal pela atual situação do Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados se transformou no antro da destruição dos direitos do povo brasileiro. A cada semana eles fazem uma mudança na Constituição para reduzi-los. Em relação à saúde, é gravíssimo.
Aprovaram uma mudança na Constituição que estabelece que, nos próximos 20 anos, não se poderá ampliar o investimento na saúde pública. O resultado já é concreto: unidades de saúde prontas, que não começam a funcionar; pessoas cancelando cirurgias; tratamentos para doenças graves sendo interrompidos. Na Câmara, eles arrancaram o pré-sal do Brasil, com os recursos garantidos para saúde, educação e inovação em tecnologia.
Aqui em Araçatuba tivemos a situação de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) que foram entregues, mas não funcionaram. Os prefeitos estão buscando transformá-las em UBSs (Unidades Básicas de Saúde). O que o senhor acha dessa situação?
Fico triste porque é o cenário decorrente dessa decisão do governo federal e do atual Congresso Nacional de congelar por 20 anos os recursos da saúde. Quando se toma essa decisão, os prefeitos ficam temerosos de que vão abrir um serviço novo e não vão ter recursos do Ministério da Saúde para manter o custeio. Todo o esforço que nós fizemos com o Mais Médicos, para garantir a presença do profissional médico, de criar novos cursos de medicina, está sendo interrompido pelo atual governo.
Desde segunda-feira (16), estou circulando por várias cidades do interior e tenho ouvido histórias de prefeitos que fizeram esforço próprio, colocaram recurso para unidades começarem a funcionar, mas o Ministério da Saúde não repassou recursos até agora. Quando nós fizemos a construção das UPAs, foi feita a previsão de recursos para custear pelo menos metade dos gastos delas. Não teve reajuste desse valor de 2016 para cá. Depois de 26 anos, voltou a crescer a mortalidade infantil no País, o que era algo impensável.

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