Em junho de 2017, moradores no bairro Araçatuba G, em Araçatuba, iniciaram uma nova fase na horta comunitária do bairro, que recebeu diversas melhorias graças ao incentivo da Fundação Alphaville.
Um ano depois, eles começam a colher o resultado do trabalho realizado. A metodologia “Convivência que Constrói”, desenvolvida pela fundação Alphaville e implantada na horta, foi premiada como o Selo Benchmarking Brasil de Sustentabilidade.
A premiação reconhece as melhores práticas sustentáveis e o método, que foi aplicado pela primeira vez na horta comunitária de Araçatuba, obteve a 6.ª colocação no ranking dos melhores cases entre os 41 inscritos de todo o Brasil.
O coordenador da horta, o professor Rodrigo Espósito, 45 anos, esteve na premiação, que foi em São Paulo. Para ele, ela é o reconhecimento do trabalho realizado e serve de incentivo para que os integrantes do projeto sigam em frente. “A gente não tinha conhecimento que estava concorrendo. Só soube quando fomos informados que estávamos entre os 15 finalistas”, conta.
De acordo com ele, há seis anos surgiu a ideia de criar a horta no bairro, mas devido a diversos fatores, somente há dois anos o projeto foi colocado em prática. A horta começou modesta, com a área cercada de tela e sem infraestrutura alguma.
PARCERIA
No final de 2016, representantes Fundação Alphaville iniciaram contato com a comunidade para ouvir os moradores na região, analisar e compreender o cenário local. Com base no que foi apurado e com a mobilização e participação dos habitantes do bairro, a entidade levantou as demandas e elaborou o projeto, que é baseado na convivência entre todos os envolvidos, para estimular a colaboração e o sentimento de pertencimento na comunidade.
A fundação disponibilizou R$ 30 mil e, em um final de semana de junho, foi realizado um mutirão para implementar as transformações no local. A cerca de tela foi substituída por um alambrado, foram instalados sombrites em todos os canteiros e construída uma nova sede para os integrantes fazerem as refeições e treinamentos.
Além disso, técnicos e monitores da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agroindustrial ensinaram aos mantenedores da horta como plantar, colher e fazer adubação corretamente.
Na época, 22 famílias atuavam na horta, mas hoje são 17, segundo Espósito. Ele conta que os canteiros que ficaram ociosos foram remanejados entre os integrantes do grupo.
O coordenador informa que na horta são produzidas verduras, entre elas, todos os tipos de alface, rúcula, cebolinha, couve, coentro e almeirão, mas alguns produtores também plantam berinjela, tomate, morango e outros produtos. A produção é destinada ao consumo próprio e o excedente pode ser comercializado.
RENDA EXTRA
O pedreiro Jorge Miranda, 38, participa do projeto desde o início e conta que consegue uma renda extra, para auxiliar no orçamento familiar, comercializando produtos produzidos na horta. A cada ciclo de produção, ele obtém de R$ 150 a R$ 170 de lucro.
Espósito explica que um dos diferenciais da horta é que não se utiliza agrotóxico na produção. “Nós temos clientes em tratamento com câncer que passaram a comprar nossa produção justamente por causa disso”, conta.
Ainda de acordo com ele, quando um dos integrantes do projeto está sem produção, por ter colhido o que foi plantado, outros participantes cedem os alimentos para ele poder consumir.
O coordenador informa que o objetivo é estimular que todos os envolvidos participem e visitem o local pelo menos duas vezes por dia para cuidar dos canteiros. Porém, quando há imprevistos, quem está na horta faz esse trabalho para o parceiro. “Agradecemos à fundação pelo apoio, pois sem essa ajuda, não teríamos conseguido esse resultado em tão pouco tempo”, conclui.
Metodologia potencializa habilidades em cada região
A metodologia “Convivência que Constrói”, desenvolvida pela Fundação Alphaville, e aplicada pela primeira vez na horta comunitária de Araçatuba, parte da compreensão do cenário local, segundo a instituição.
A gerente de Sustentabilidade da fundação, Fernanda Toledo, explica que a aplicação da metodologia estimulou a colaboração e o sentimento de pertencimento, além de promover transformações sociais.
E, para ela, a premiação conquistada é um reconhecimento pelo trabalho realizado por todos os envolvidos. “A convivência é a base de tudo e essa premiação representa o reconhecimento da dedicação de cada participante que trabalhou e conquistou objetivos coletivos através do trabalho conjunto em suas comunidades”, diz.
Segundo Fernanda, o grupo se fortaleceu com a aplicação da metodologia, mobilizou parceiros, captou recursos, estabeleceu as normas de funcionamento da horta comunitária e agora sonha mais alto. Com produtos orgânicos, cultivados pessoalmente pelos moradores, eles podem comercializá-los, seguindo uma tabela de preços justos, estabelecidos pelos próprios integrantes da horta.
A metodologia “Convivência que Constrói” é organizada pela Fundação Alphaville, com apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agroindustrial, pelo monitor de horticultura Paulo Chiaranda, responsável pela formação técnica da equipe. LJ
Metodologia ficou em 3º lugar na temática Educação, Informação e Comunicação Socioambiental
O programa Benchmarking Brasil, que tem como finalidade difundir e incentivar a adoção das boas práticas de sustentabilidade nas organizações e sociedade, informa que a prática “Convivência que Constrói”, aplicada na horta comunitária do bairro Araçatuba G, ficou em 6.º lugar no Ranking Benchmarking dos Legítimos da Sustentabilidade e em 3.º lugar na temática Educação, Informação e Comunicação Socioambiental, com pontuação 7,91, modalidade Senior.
O programa informa que em 2018 foram inscritos 41 cases, dos quais, apenas 15 foram certificados por obter pontuação a partir de 7,1, conforme determina a metodologia de certificação Benchmarking. “O score dos cases certificados Benchmarking em 2018 ficou entre 7,1 e 8,4, ou seja, diferença de decimais entre eles”, informa o programa.
O Benchmarking Brasil está fundamentado em 3 pilares: Reconhecimento (Ranking), Certificação (metodologia reconhecida pela ABNT) e Compartilhamento (transparência e atualização), que atuam de forma integrada para que o programa cumpra sua missão.
Quando um projeto obtém o certificado, como aconteceu com o aplicado na horta de Araçatuba, significa que ele tem excelência nas práticas adotadas, e por isto, torna-se referência em ações e iniciativas alinhadas aos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).
Os 15 projetos certificados passaram pelo filtro de uma banca avaliadora com especialistas de vários países, que pontuaram os cases sem terem acesso ao nome da organização. “A importância desta conquista é se tornar uma referência em boas práticas socioambientais, validada por público especializado e formador de opinião, e principalmente, atuar com transparência compartilhando seu modus operandi em sustentabilidade”, informa o projeto. LJ
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