Apenas três de 42 cidades da região de Araçatuba estão com todas as vacinas infantis dentro da meta estipulada pelo Ministério da Saúde. Do total da região, 23 municípios estão com índices abaixo de 50% de cobertura, ou seja, não conseguiram vacinar metade das crianças. Os dados referentes a 2017 foram divulgados na última semana.
De acordo com o levantamento, apenas Brejo Alegre, Guararapes e Nova Independência estão com cobertura acima de 90% para vacinas que protegem contra tuberculose e gastroenterite e 95% para as que protegem contra poliomielite (paralisia infantil), sarampo, hepatite e meningite. Os três municípios estão na lista das 322 cidades brasileiras que conseguiram atingir esses índices.
Abaixo desse percentual, os municípios correm risco dessas doenças se proliferarem por causa do baixo número de pessoas imunizadas.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, de todos esses municípios da região, Ilha Solteira, Santo Antônio do Aracanguá e Suzanápolis estão com todas as vacinas abaixo dos 50%. A reportagem questionou as três Prefeituras, mas apenas Aracanguá retornou informando que houve um problema com o sistema na Secretaria de Saúde, em que os dados inseridos não eram repassados ao Ministério, e que essa situação já estava resolvida.
O município figurou na última semana como a segunda cidade do País com a pior cobertura de vacinação contra a poliomielite, com 1,74%. Depois da atualização do sistema, esse número subiu para 89,57%, ainda assim abaixo da meta. Segundo a Prefeitura, isso acontece porque, no município, há muitas pessoas que moram por um curto período, devido ao trabalho nas usinas de cana na região. Mesmo com essa dificuldade, afirma que tem intensificado a vacinação e feito campanhas.
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação é de extrema importância para evitar doenças e suas sequelas como surdez, cegueira, paralisia, problemas neurológicos, dentre outras e consequentemente, a morte, proporcionando qualidade de vida para toda a população, evitando a programação de doenças, até então, consideradas extintas no Brasil.
Atualmente, o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde contempla 19 vacinas, que são oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a toda a população. No entanto, o sucesso das ações de imunização – que teve como resultado a eliminação da poliomielite, do sarampo, da rubéola e síndrome da rubéola congênita – tem causado, em parte da população e até mesmo em alguns profissionais de saúde, a falsa sensação de que não há mais necessidade de se vacinar.
O Ministério da Saúde ainda reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial das crianças menores de 5 anos que devem ser vacinadas, conforme esquema de rotina. As vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis durante todo o ano, exceto a da gripe, que faz parte de uma campanha e exige um período específico de proteção, que é antes do inverno. Uma oportunidade de atualizar caderneta será na próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, que acontecerá de 6 a 31 de agosto.
Segundo infectologista, queda em cobertura é recente
Para o infectologista Stelius Fikaris, a queda na cobertura de vacinação é um fenômeno recente no País. Segundo ele, um dos fatores pode ser a influência da internet, com a propagação de informações falsas dos efeitos da imunização. No entanto, a falta de conscientização também pode ser outra explicação para isso.
Fikaris afirma ser preocupante essa redução, não só das vacinas do calendário infantil, mas também de outras como a gripe, que teve redução na cobertura total na campanha deste ano.
O infectologista explica que não existe uma vacina menos importante, já que cada uma serve para um tipo de doença. A BCG, por exemplo, que é aplicada no primeiro mês de vida, previne contra a tuberculose, doença com grande incidência no Brasil. “A gente tem visto um surto de sarampo no Norte recentemente, e é uma vacina que tem na rede pública”, completa. O Brasil tinha sido considerado livre da doença em 2016, mas voltou por meio de uma combinação de não-imunizados brasileiros e infecções vindas da Venezuela. (EF)
Ministro da Saúde afirma que está atento à redução
O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, esteve em Araçatuba na quinta-feira para inaugurar a nova sede do pronto-socorro municipal e disse que o governo federal está atento com relação à queda na cobertura de vacinação.
De acordo com ele, o governo tem feito um apelo à população de maneira geral e também aos secretários municipais de Saúde para que se tenha a atitude, talvez até mais proativa, de não deixar apenas a vacina no posto de atendimento, mas realizar a busca ativa das crianças e famílias que precisam da vacina para se proteger. “A melhor forma de prevenção é a vacina. Já eliminamos várias doenças que correm o risco de voltar, como a febre amarela e a poliomielite”, comentou.
Segundo o ministro, não falta vacina e elas estão sendo distribuídas para todas as cidades. Inclusive, lembrou que recentemente houve uma intensificação na vacinação contra o sarampo na região Norte do País, onde houve um surto da doença. “Mas a pólio é uma grande preocupação do governo federal, do Ministério da Saúde, que deve passar pro cidadão essa preocupação. Ela pode trazer uma consequência muito danosa às pessoas que não são vacinadas e principalmente, mulheres grávidas e crianças. E temos que vacinar, como a vacina da gripe também. Nós temos que levar as crianças aos postos de vacinação”, afirmou. (Lázaro Jr.)
Comentários sobre esse post