Na última semana, uma discussão no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas que ainda não teve fim, começou a definir se será possível conceder visitas ao pets no caso de uma separação. O julgamento em questão é o de um casal que comprou uma cachorrinha da raça yorkshire em 2004. Eles se separaram em 2011 e a cachorrinha ficou com o homem. Depois, ela passou a viver com a mulher, que impediu as visitas. O ex alegou “intensa angústia” por não poder visitar a cadela.
Uma funcionária pública de Birigui, de 36 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, passou por uma situação semelhante. Ela namorou um rapaz por dois anos e meio e nesse período compraram um apartamento, pois pretendiam morar juntos.
Enquanto o apartamento não ficava pronto, o namorado teve a ideia de comprar um cachorro da raça bulldog francês. Os dois escolheram o animal e o nome juntos. Ainda morando em casas separadas, a funcionária pública cuidava do animal, que ficava na casa do então namorado.
Passado um tempo, os dois terminaram o namoro e, além de ter a questão do apartamento para ser resolvida, tinha a do cachorro que, para ela, era até mais importante.
“Inicialmente, ele não queria permitir que eu tivesse mais contato com o cachorro e eu comecei a pesquisar e estudar sobre a possibilidade de entrar com pedido de guarda compartilhada. Falei para ele que iria entrar com uma ação na justiça pedindo guarda compartilhada e ele acabou cedendo para que tivéssemos a guarda compartilhada informalmente”, disse.
Durante quase um ano eles se revezaram no cuidado com o cãozinho, mas o ex se mudou de cidade e levou o animal com ele. A funcionária pública nunca mais viu o pet. “Talvez se eu tivesse uma decisão judicial, poderia continuar tendo algum tipo de contato quando eu tirasse ferias e pudesse buscá-lo, por exemplo”, lamenta.
“HUMANIZAÇÃO”
Para a psicóloga Amanda Martinelli Vitro, o contato com animais de estimação tem a mesma função do contato interpessoal.
“Esse contato supre carências, pois acontece uma relação em que no simples toque em um animal, se libera hormônios que aumentam a disposição para contatos sociais, entre outros benefícios. Assim fica mais fácil através de uma ação do animal, seres humanos que estão perto se relacionarem também”, afirma.
Segundo ela, os pets, em especial os cães, são fontes inesgotáveis de afeto. “Um cão não reclama se você chega tarde.
Eles sempre estão dispostos a dar uma volta. É como se fosse um relacionamento perfeito, a pessoa fala o que quer e não recebe críticas. Além disso, a configuração da família está mudando e o aumento de pessoas sozinhas com dificuldades em se relacionarem também. É o chamado antropomorfismo ou humanização dos animais.
Isso significa a atribuição de características e sentimentos humanos aos animais de estimação. Há quem diga que, daqui há algum tempo, pais não irão mais se indispor pelos filhos. Casais já não brigam mais por herança e sim pela guarda do animal de estimação. Aceitem ou não, estamos vivendo esses dias e cabe a cada um de nós valorizar o essencial”, completa.
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