A greve dos caminhoneiros deixou de afetar apenas o preço dos combustíveis na região e já começou a refletir nas viagens aéreas, fornecimento de gás de cozinha e alimentos. A Azul Linhas Aéreas cancelou ontem o voo das 19h20 que chegaria a Araçatuba e sairia para Campinas às 19h55. A empresa suspendeu, ao todo, 33 voos em 18 aeroportos brasileiros.
A Reunidas Paulista, principal empresa de transporte rodoviário de passageiros da região, suspendeu hoje metade de todos os seus itinerários. Para amanhã, a redução programada era de 20% de todas as rotas. A Reunidas orienta os clientes com passagens compradas para que confirmem a manutenção ou não da viagem contratada por meio do site www.reunidaspaulista.com.br ou na própria agência de venda de passagens localizadas nos terminais rodoviários.
Além disso, já faltava gás de cozinha desde o começo da manhã em algumas revendas de Araçatuba. Em outras, o estoque era mínimo no fim da tarde. De acordo com o revendedor Valdevino Alcântara, que tem um depósito de gás e água no Jardim Universo, o estoque dele se limitava a botijões vazios e galões de água, único produto que ele tinha para vender.
Em uma revenda na rua Antônio Gomes do Amaral, havia, ao todo, cinco botijões de 13 quilos para venda por volta das 16h de ontem. Nesses dois estabelecimentos, os valores dos botijões não subiram por causa da greve, mas a preocupação dos donos é saber quando terão gás de cozinha novamente para vender.
No Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) de Araçatuba, o movimento foi mínimo durante a manhã e praticamente nulo à tarde. Segundo o encarregado da unidade, Wanderley Pereira da Silva, apenas alguns permissionários, que são os proprietários de espaços para armazenamento de perecíveis, foram trabalhar ontem cedo, pois a expectativa era que praticamente nenhuma mercadoria chegasse. O encarregado afirmou que apenas poucos produtores rurais da região levaram frutas, verduras e legumes para entregar aos permissionários.
“A única coisa que tinha bastante era melancia, que é daqui da região. O pessoal que tem caminhão não saiu para buscar mercadoria, nem vieram trazer o que tinham”, disse. Ele disse, ainda, que se confirmou o que era especulado anteontem, o aumento do preço da batata, de R$ 100 para R$ 200, e tomate de R$ 60 para R$ 100. “Segunda-feira tem gente que falou que nem vai abrir porque não sabe se vai chegar mercadoria”, finalizou.
EM FALTA
O empresário Fernando Felipe, proprietário de uma rede de supermercados em Araçatuba, disse que produtos como o morango e alguns cortes de carne já estavam em falta ontem e sem previsão de chegar. “O espaço vazio que fica nas bancas a gente está preenchendo com outras coisas”, disse.
Ainda segundo ele, apesar da falta de mercadoria, as entregas das compras não foram afetadas. O motivo é que os caminhões de entrega são movidos a diesel, tipo de combustível que, pelo menos até ontem, não estava em falta na cidade. “A gente tá tendo falta de combustível como álcool e gasolina, pros nossos carros, então é perigoso a gente não ter como ir trabalhar de carro daqui a alguns dias, mas o diesel para as entregas, tem”, completou.
ESTOQUE
O gerente de um supermercado no Centro de Araçatuba, Elvio Torquato Junior, disse que vários itens da feirinha, como a batata, não tinham chegado, e que o movimento na loja estava acima do normal para um dia 25. Ele acredita que os clientes tenham procurado ir ao supermercado para estocar alimentos.
Sobre o risco de faltar mantimentos como arroz e outros itens, o gerente afirmou que a empresa trabalha com diversas marcas, então, na ausência de uma, poderá haver outra para substituir. Enquanto esteve no supermercado, a reportagem conversou com vários clientes que afirmaram ter antecipado as compras com medo de faltar algum produto nos próximos dias.
CULTURA
Dois espetáculos que aconteceriam no Sesc Birigui neste final de semana foram adiados e deverão ser reagendados. Segundo a assessoria de imprensa do Sesc, os cancelamento de “Jacy” e “Varal de Memórias” ocorreram porque a crise dos combustíveis afetou o deslocamento de alguns artistas para o interior do Estado.
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