Quem tem carro movido a gasolina tem motivo de sobra para se preocupar. Desde a tarde de ontem (21), o litro do combustível já era vendido a R$ 4,399 em alguns postos bandeirados de Araçatuba. Foi o segundo aumento nas bombas em menos de uma semana. Na sexta-feira (18), o preço tinha sido reajustado para R$ 4,29.
Porém, esse valor deverá aumentar nos próximos dias, caso os proprietários de postos de combustíveis apliquem os recentes reajustes autorizados pela Petrobras. Foram dois reajustes entre sexta e sábado (19), e hoje (22) está previsto mais um aumento de 0,9% nas distribuidoras.
Para o presidente regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo), Júlio Castilho, o ideal seria que o litro de gasolina fosse vendido a R$ 4,50 já na semana passada. Planilha apresentada por ele à Folha da Região mostra que no dia 14 de maio o preço de custo para a distribuidora pelo litro do derivado de petróleo era R$ 3,63. Ontem, o valor subiu para R$ 3,76, ou seja, aumento de R$ 0,13 ou 3,5% em uma semana.
Aplicando-se sobre esse valor o lucro da distribuidora e o custo do frete, o litro do combustível chega aos postos a R$ 3,99. “Para que os postos que pagam os impostos pelo combustível sobrevivam, é preciso obter pelo menos R$ 0,50 de lucro por litro, ou seja, o preço de venda teria de ser de R$ 4,49 o litro”, afirma.
De acordo com Castilho, somente de taxa pela máquina de cartão de crédito os empresários do setor pagam R$ 0,10 por litro de gasolina. “Por isso, que tem um monte de posto fechando as portas. Não dá para trabalhar”, argumenta.
CONCORRÊNCIA DESLEAL
Outro aspecto que afeta muito os donos de postos que pagam impostos, conforme o presidente do Sincopetro, é a concorrência desleal. Ele apresentou uma lista com a relação de 17 postos de combustíveis em Araçatuba, que são de bandeira branca e que, segundo ele, cometeriam algum tipo de fraude para conseguir vender combustíveis, principalmente o etanol, a preço mais baixo.
Na semana passada, era possível encontrar postos vendendo o litro do derivado da cana a R$ 2,19. Com a guerra de preços, postos bandeirados também baixaram o valor.
Porém, de acordo com Castilho, o lucro obtido pelos donos de postos bandeirados foi mínimo, devido à guerra de preços. Na mesma planilha apresentada por ele, o litro do etanol para as distribuidoras custava R$ 2,16, ou seja, colocando-se o lucro das distribuidoras e o frete, o valor de custo para os postos supera R$ 2,25, acima dos preços de varejo cobrados por alguns postos.
Ontem, o preço de custo do etanol para as distribuidoras subiu para R$ 2,24, ou seja, alta de R$ 0,08 ou 3,7%. Nos postos bandeirados, o combustível era vendido a R$ 2,69 na sexta-feira, preço que foi mantido nesta segunda-feira. Segundo Castilho, é provável que o derivado da cana também tenha o preço reajustado até o final da semana.
FRAUDE
Entre as fraudes citadas pelo presidente do Sincopetro está a compra de etanol por postos sem bandeira direto das usinas, o que é proibido pela legislação. Segundo ele, há relatos de caminhões com o combustível de usinas de cidades da região que abastecem diversos postos em Araçatuba, sem o pagamento de impostos.
No último dia 11, por exemplo, o litro do etanol era vendido pelas usinas a R$ 1,51, contra os R$ 2,16 que era o preço de custo para os postos nas distribuidoras, incluindo os impostos e o frete. Alguns postos, inclusive, possuem lacres de usinas em bombas, de acordo com ele.
Castilho denuncia ainda que há postos da cidade vendendo metanol (derivado do petróleo extraído a partir da coleta de gás natural) no lugar do etanol. Hoje, a legislação brasileira impede o uso do metanol como combustível. “O que a gente orienta o consumidor é que não procure o mais barato, pois não existe almoço grátis”, conclui.
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