Mortes recentes de autores de crimes por policiais no Estado de São Paulo, inclusive em horário de folga, têm gerado discussões em diversos setores da sociedade. Balanço divulgado neste mês pelo site G1 aponta que em 2017 foram registradas 5.012 mortes por policiais, 790 a mais do que em 2016.
Em Araçatuba, três pessoas morreram em confronto com a polícia neste ano. Um homem foi morto a tiros após assassinar os próprios pais e tentar matar a companheira; outro foi morto após fugir da polícia, suspeito de participar de uma tentativa de roubo em uma usina de Flórida Paulista; e um adolescente de 17 anos morreu após ameaçar a ex-namorada e atirar contra os policiais militares.
Para o novo comandante do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior) de Araçatuba, coronel Paulo Augusto Leite Motooka, as mortes ocorridas durante ação de policiais militares na cidade são casos pontuais e não corriqueiros. Entretanto, ele informa que esses casos são analisados para prevenir novos confrontos, aumentar a segurança dos próprios policiais e evitar a morte dos envolvidos. Confira abaixo a entrevista concedida pelo coronel à Folha da Região.
Três pessoas morreram em Araçatuba nos primeiros quatro meses deste ano em ocorrências atendidas pela Polícia Militar. Como o novo comandante do CPI-10 analisa esses números?
Inicialmente, quero manifestar que a Instituição Polícia Militar e este comandante lamentam que os resultados havidos nesses episódios tenham ocasionado o falecimento de pessoas, pois em quaisquer ocasiões representam perdas de vidas, além do fator potencialmente traumático para os envolvidos (parentes, amigos, policiais etc…).
Aparentemente, os casos mostram que a criminalidade não está respeitando a polícia. No ano passado, um policial civil foi morto em Araçatuba durante assalto à empresa Protege. Existe esse desrespeito?
A certeza inicialmente que tenho é a de que os eventos mencionados são pontuais e não corriqueiros em nossa região. Penso ser precoce inferir que o fenômeno “enfrentamento armado” por parte dos infratores que resistem aos atos de polícia representa uma cultura da criminalidade de desrespeito na região. Notadamente, o desrespeito é muito comum na forma verbal, por meio do desacato, de denúncias infundadas, de ameaças de morte, de pichação etc…
Por esta razão, tenho a compreensão de que devemos fazer – e já estamos fazendo – uma análise técnica dos eventos ocorridos e monitorar a dinâmica da criminalidade, a fim de abstrair o máximo de informações possíveis e então difundir orientações e instruções aos patrulheiros para que possam atuar com maior nível de segurança pessoal. E, ao mesmo tempo, adotar procedimentos que desoportunizem o confronto armado direto que possa resultar em morte de quaisquer dos envolvidos.

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