Na representação feita pela Polícia Federal, com pedido de mandado de buscas na Prefeitura de Araçatuba, constam trechos de reclamações feitas por escolas municipais da cidade com relação à merenda. Uma delas foi feita em 22 de maio de 2015 pela Emeb Professora Ibis Pereira Paiva, no bairro Jussara. A direção da unidade informou que a fornecedora não estaria cumprindo o cardápio e que faltavam produtos essenciais para alimentação das crianças, como óleo, leite e legumes.
Em dois dias, no lugar do leite foi servido suco de maracujá e tangerina. Além da falta do leite, não havia suco em quantidade suficiente, por isso foi servido “aguado”. Também faltaram legumes e havia apenas espaguete, macarrão inadequado para fazer sopa, principalmente para o berçário.
Na reclamação foi informado que a nutricionista da empresa fornecedora explicou que as refeições seriam “porcionadas por criança” (porção individual) e que a quantidade de carne seria reduzida, aumentando a quantidade de legumes. “Devido a isso, o self-service foi retirado, retrocesso no processo de autonomia da criança, uma vez que se não for porcionado pelas funcionárias, a alimentação da segunda turma fica prejudicada”, cita o relatório.
Outra reclamação é da Emeb Professora Mariana Guedes Tibagy, de 29 de maio de 2015, relatando a falta no estoque de vários produtos da merenda escolar. A escola informou que era impossível seguir o cardápio, que a falta de manteiga era frequente e as crianças comiam pão seco. “Percebemos também que as crianças começaram a apresentar diarreia e dor na barriga (acreditamos ser a troca constante do leite-caixinha/saquinho/em pó/bebida láctea)”.
A Emeb Índio Poti relatou em 21 de agosto de 2015 que o cardápio estava sofrendo constantes alterações, pois os itens necessários não estariam sendo enviados, forçando a reduzir as variedades oferecidas aos alunos. “Além dos problemas relatados, pelo que percebemos através do recebimento dos mantimentos quinzenais, a situação tende a piorar, uma vez que todos os itens foram bastante reduzidos, e caso seja seguida a per capta estabelecida nas preparações, serão suficientes para um período bem inferior”.
A representação inclui a visão da diretora de uma escola, citando que grande parte dos alunos é carente, residente em bairro de periferia e que enfrenta grande distância para chegar à escola todos os dias. “As refeições preparadas e servidas na escola são de grande importância para o crescimento e o desenvolvimento dos mesmos e não podem ser tratadas com descaso ou muito menos negligenciadas como vem ocorrendo”, conclui.
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