Na última semana, um assunto que tomou os jornais, portais e redes sociais foi o suicídio de três estudantes de dois colégios tradicionais de São Paulo. A comoção levantou a questão sobre como abordar o tema, por vezes ignorado no ambiente escolar.
Segundo dados do Mapa da Violência, no Brasil, entre 2002 e 2012, a taxa de suicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos aumentou em 40%, enquanto entre jovens entre 15 e 19 anos o índice cresceu 33%. São os dados mais atualizados sobre esse índice.
Na sexta-feira, a reportagem da Folha da Região conversou com duas adolescentes, de 12 e 13 anos, alunas da escola estadual José Arantes Terra, no bairro Alvorada, e que, devido a problemas familiares, já pensaram em tirar a própria vida.
O problema fez com que as duas virassem amigas. Há alguns dias, uma aluna dessa mesma escola atentou contra a própria vida e está internada se recuperando.
As duas amigas passaram a ser assistidas por psicólogos da FEA (Fundação Educacional Araçatuba) em uma parceria voluntária com a escola. A entrevista desta reportagem foi acompanhada pela professora-mediadora da escola.
Gabriela (nome fictício), de 12 anos, começou a ter pensamentos de morte quando ela terminou um namoro escondido dos pais, em dezembro passado. Somado a isso, ela diz sempre ter sentido falta de um abraço e de uma pergunta sobre o dia dela quando chegava em casa, da escola.
“Tudo que eu sempre quis era que meus pais perguntassem como eu estava, o que eu tinha feito na escola, se eu precisava de ajuda pra alguma coisa, mas eles nunca me dão atenção”, falou em tom emocionado.
A adolescente contou, ainda, que há algum tempo era vítima de bullying na escola, sendo xingada pelas colegas e por quem ela pensava ser amiga dela. “Me chamavam de tudo quanto é nome… nomes feios, palavrões.
E isso vinha de gente que eu achei que estava ao meu lado. Tinha dia em que eu chegava em casa e a única coisa que eu fazia era chorar, pensando em me matar, me cortar, achando que os meus problemas acabariam se eu acabasse com a minha vida”, lembrou.
O caso da Rafaela (também nome fictício), de 13 anos, é parecida com o da amiga. Filha de pais separados, ela é a irmã do meio e diz não ter proximidade com o pai. Durante a entrevista, Rafaela, que é bastante tímida, contou que sempre apanha do irmão mais novo e durante as brigas acaba sendo ofendida pela mãe.

Comentários sobre esse post