Encarar o homem que matou a filha é uma situação que nenhuma mãe gostaria de passar na vida. Mas é o que vai acontecer nesta semana, pela primeira vez, com a dona de casa Maristela da Silva, de 36 anos. Ela vai acompanhar, em Andradina, o júri popular do borracheiro Edson Francisco de Souza, que confessou ter matado há quatro anos a filha dela, Jhenifer Naiara da Silva, que tinha 13 anos, e a amiga dela, Yara Barbosa, 14. As duas foram encontradas mortas, nuas e boiando no rio Tietê, em Pereira Barreto. O caso repercutiu nacionalmente na época. O júri será nesta quinta-feira (26).
Segundo as investigações, no dia 12 de abril o borracheiro teria oferecido carona às meninas quando passou pela avenida Guanabara, em Andradina. O homem teria levado as adolescentes até à estrada que liga Andradina a Pereira Barreto e cometido o crime de abuso sexual. Ele disse ao delegado que se desesperou quando percebeu que uma das adolescentes tinha apenas 13 anos e, por isso, decidiu matá-las.
Após o crime, o borracheiro fugiu e foi preso em um hospital de Cianorte (PR) depois de tentar se matar tomando veneno para rato. Atualmente, ele está preso em Iaras, próximo a Avaré e Bauru. Ele foi denunciado pelo Ministério Público. De acordo com o advogado de Maristela, Gilvaine Ortuzal, se condenado pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver, pode pegar mais de 100 anos de prisão.
JUSTIÇA
Na semana passada, a mãe de Jhenifer conversou com a Folha da Região. “A gente raramente se desentendia. Nunca tinha problema com ela. Naquela noite nos abraçamos e ela disse que eu era muito especial. Foi a última vez que a gente se viu”, lembrou, emocionada. A reportagem também procurou a mãe de Yara, mas ela não quis dar entrevista.
Maristela contou que no dia do crime mãe e filha foram ao centro comercial de Andradina comprar presente para uma festa de aniversário. Depois voltaram para casa, onde a adolescente fez as unhas e, à noite, foram à comemoração. Segundo a mãe, no evento a filha recebeu a ligação de uma amiga chamando-a para sair. “E nesse intervalo, em pouco tempo, senti falta dela e já não encontrei mais minha filha”.
Nesse momento, Maristela disse que pediu ajuda para vizinhos e amigos, e procurou a Polícia Militar. De uma coisa a mãe tinha certeza: a filha não tinha fugido, porque ela não era uma menina que teria essa atitude. “Eu tinha muita confiança nela. Era muito meiga dentro de casa e, pra mim, ela tava ali perto, com alguma amiguinha. Então, eu procurei só ali nas redondezas mesmo”, contou.
A mãe lembrou que naquela noite procurou a filha e a amiga por vários bairros de Andradina, pedindo informações, mas ninguém as teria visto. “Os dias procurando ela foram muito ruins. Muita agonia, muita angústia, até hoje eu não acredito, porque eu jamais esperava que fosse encontrar minha filha morta. Eu pensava que ia encontrar ela viva. Quando eu recebi a notícia que tinham encontrado ela, eu estava na delegacia. Foi um balanço na minha vida”, lamentou.
A dona de casa encontrará o homem que confessou ter matado Jhenifer pela primeira vez nesta semana, em Andradina. “Eu tenho o sonho de ficar frente à frente com ele, porque espero que seja feita justiça. Se eu encontrá-lo na minha frente eu nem sei o que direi, se puder. Só na hora mesmo, mas meu sonho é ver ele de perto. Eu nunca tive sede de vingança, porque tem Deus pra cobrar, e o que eu espero é justiça. Eu espero uma condenação justa”, completa.
Comentários sobre esse post