A cozinheira Maria Aparecida Lemos dos Reis, 58 anos, de Araçatuba, já não sabe mais a quem recorrer para tentar a ajudar a filha, Ana Paula Guimarães, 37, que há 14 anos foi para os Estados Unidos trabalhar em uma concessionária de automóveis.
De acordo com ela, a filha adoeceu no início deste ano e, sem dinheiro para pagar o tratamento médico e honrar os compromissos, foi despejada.
Segundo a mãe, hoje, ela mora na rua, em Chicago, tem dificuldade para se locomover, devido a trombose nas duas pernas, e não consegue ajuda de ninguém, nem mesmo para voltar para o Brasil. “Nunca pensei que fosse assim. Eu pensava que as pessoas tinham o lado humano, mas ele não existe”, comenta a cozinheira, referindo-se principalmente a políticos a quem pediu ajuda.
Maria Aparecida conta que Ana Paula trabalhou em uma concessionária de automóveis na avenida Brasília, em Araçatuba, até 2004, quando, em viagem com familiares ao Rio de Janeiro, recebeu uma proposta para trabalhar em um concessionária em Washington, capital dos Estados Unidos.
Ela aceitou o convite, tirou o visto de trabalho e mudou-se para a América do Norte. Passados cinco anos, essa empresa faliu e araçatubense mudou-se para Chicago, onde passou a trabalhar em uma corretora de imóveis, de acordo com a mãe.
Porém, em janeiro deste ano, Ana Paula foi hospitalizada para tratamento de uma pneumonia e, segundo a mãe dela, o quadro se agravou para uma complicação renal. Ela precisou fazer sessões de hemodiálise e contou com ajuda financeira dos pais para o tratamento.
Maria Aparecida informa que juntou o dinheiro de uma rescisão trabalhista, fez três empréstimos, refinanciou o carro e mandou o que conseguiu para custear o tratamento. O marido dela também mandou o que podia para ajudar a filha. “Agora, até a minha casa está alienada em banco”, informa.
O problema, de acordo com a cozinheira, é que o dinheiro acabou e, sem poder pagar pelo tratamento, o hospital dispensou a filha dela que, por ter sido despejada, está morando na rua. “Estou falando com você agora e não sei se ela está viva”, comentou durante a entrevista na sede da Folha da Região.
AJUDA
A mãe informa que já procurou a Embaixada dos Estados Unidos do Brasil, o Consulado, o serviço de imigração, mas não conseguiu nenhum tipo de ajuda.
Ela disse que também recorreu a políticos de Araçatuba na tentativa de intervirem de alguma forma. Segundo Maria Aparecida, dois deles a atenderam e se comprometeram a ajudar. Um deles até propôs a realização de uma feijoada para levantar recursos, mas a proposta ficou só na conversa.
O terceiro nem a atendeu, mas ela foi ouvida por uma advogada dele, que pediu que procurasse representantes dos Direitos Humanos. Em contato com o serviço, a cozinheira disse que foi informada que por a filha dela ter mais de 18 anos e menos de 60, não tem direito ao atendimento oferecido. “As pessoas vão para os Estados Unidos com uma ilusão, mas lá, enquanto se tem dinheiro, a pessoa é gente. Se não tem dinheiro, não é mais gente não”, desabafa.
A Embaixada dos Estrados Unidos no Brasil informou que a família da brasileira deve procurar pelo Consulado do Brasil nos Estados Unidos ou Itamaraty, em Brasília, que são os responsáveis por brasileiros no exterior. Segundo o órgão, deve ser informada a cidade onde ela está para que possam ajudar de alguma maneira.
A reportagem ligou para o Itamaraty, no telefone indicado pela Embaixada, mas não conseguiu contato para falar sobre o assunto.
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